O novo luxo do bem-estar, ou wellness, vai além de tratamentos superficiais, massagens e estadias em spas luxuosos. Ele se concentra em experiências personalizadas e imersivas que promovem a saúde de forma holística, atendendo não apenas ao corpo, mas também à mente e ao espírito.
Dentro desse conceito, surgem inúmeros wellness clubs, que vão além das academias tradicionais e estão em ascensão no mundo e, agora, no Brasil. Esses espaços focam não apenas na atividade física, mas também na saúde mental, no autocuidado e na conexão social.
O Remedy Place, em Los Angeles, especificamente em West Hollywood, foi o primeiro clube de bem-estar social do mundo. A ideia principal por trás do lugar, fundado por Jonathan Leary, é mudar a forma como as pessoas interagem e socializam, trocando o “happy hour” tradicional por atividades de autocuidado. Em vez de ir a um bar ou café com os amigos, você vai ao Remedy Place para fazer uma sessão de crioterapia juntos, uma aula de respiração, uma imersão em banho de gelo ou até mesmo massagens e tratamentos de acupuntura. Eles combinam práticas de cura antigas com tecnologia de ponta em um ambiente projetado para ser relaxante e acolhedor.
Em Toronto, em vez de ser apenas um spa tranquilo, o Othership foca na conexão humana e na energia comunitária.
O conceito principal gira em torno da alternância entre o calor intenso da sauna e o frio extremo dos banhos de gelo, o que, segundo a ciência do bem-estar, traz diversos benefícios físicos e mentais, como aumento do foco, redução do estresse e recuperação muscular mais rápida. Além das instalações de alta qualidade, o que diferencia o Othership é a atmosfera.
Eles organizam sessões guiadas com instrutores, música envolvente e até mesmo rituais que incentivam a interação e a liberação emocional, transformando a prática de bem-estar em algo mais dinâmico e divertido, quase como um evento social. Eles também têm sessões de fluxo livre, nas quais as pessoas podem ir e vir entre a sauna e o banho de gelo em seu próprio ritmo. O Othership não é só um lugar para suar e se refrescar, mas um espaço projetado para que as pessoas se sintam mais conectadas, tanto consigo mesmas quanto com os outros, em um ambiente que prioriza o bem-estar de uma forma moderna e comunitária.
O objetivo é que você possa cuidar do seu corpo e da sua saúde enquanto se conecta com outras pessoas, transformando o autocuidado em uma experiência compartilhada.
Em São Paulo, alguns dos novos e notáveis wellness clubs que surgiram ou se destacaram, recentemente, são o Kontrast, que vem com planos ambiciosos. Inaugurado recentemente, ele se posiciona como o primeiro social wellness club do Brasil. Inspirado nos modelos internacionais, combina práticas regenerativas, como o banho de gelo, sauna, exercícios de respiração e sound healing, com momentos de convivência e troca entre os membros. A ideia é a mesma dos clubes internacionais, criar um ambiente comunitário que integre corpo, mente e socialização.
O Gym Club, em Florianópolis, é uma academia que já é uma referência no segmento e está investindo em um segundo endereço com o conceito de academia-clube. Essa nova unidade terá mais de 1.700 m² e incluirá piscina, spa, pilates, sauna e equipamentos de última geração, reforçando a proposta de ser um espaço de bem-estar completo.
Já a Gaya Wellness vem com a proposta de ser um “refúgio de bem-estar”, com um modelo de membros que dá acesso a experiências variadas, incluindo massagens, day spas, e práticas de yoga imersiva. O destaque aqui é a união entre os avanços da ciência e a sabedoria ancestral do yoga, buscando promover a autoconexão e transformação.
Esses clubes refletem uma mudança de comportamento, em que as pessoas buscam não apenas um lugar para malhar, mas sim um ambiente holístico que promova uma vida mais equilibrada e conectada. Eles oferecem uma experiência completa de bem-estar, com foco em longevidade e regeneração, e operam, em geral, no formato de membership, com forte ênfase na criação de uma comunidade.
As principais características do novo luxo do wellness são o “bem-estar personalizado”, que oferece jornadas de bem-estar criadas especificamente para as necessidades e os objetivos de cada indivíduo, incluindo planos de nutrição customizados, terapias à base de dados genéticos, acompanhamento cardiovascular em tempo real e programas de exercícios adaptados.
A “imersão na natureza”, que gera a reconexão com o ambiente natural, é um ponto central, que se traduz em retiros em locais remotos, atividades ao ar livre como caminhadas e meditação na floresta, e no uso de materiais naturais em spas e resorts.
A tecnologia a serviço do bem-estar é utilizada para aprofundar a experiência, não para distanciá-la. Dispositivos vestíveis, como anéis (wearables) que monitoram o sono e a frequência cardíaca, aplicativos de meditação e até mesmo a realidade virtual para terapias e relaxamento são exemplos.
Com a saúde mental e emocional, o foco se expande para o bem-estar mental. O novo luxo inclui acesso a especialistas em saúde mental, como psicólogos e coaches de vida, além de atividades como meditação, ioga e banhos de som para aliviar o estresse e promover o equilíbrio emocional. Isso também se estende ao universo pet. Os pets agora têm acesso a spas, terapias e espaços luxuosos.
Tudo isso tem que estar envolto em “sustentabilidade e propósito”, como última característica principal. O luxo agora está atrelado à responsabilidade. Consumidores buscam marcas e experiências que sejam sustentáveis, éticas e que apoiem as comunidades locais. O bem-estar se torna uma jornada com propósito, onde o cuidado pessoal está ligado ao cuidado com o planeta e com os outros. O verdadeiro luxo com propósito e experiência.
Sandra Hayashida é fundadora da LPE Experiências.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Unplash


