Há um equívoco comum no mercado de que crescimento é apenas uma questão de abrir mais unidades, aumentar o headcount ou capturar market share a qualquer custo. Mas crescimento de verdade, aquele que perdura e se traduz em relevância no mercado, nasce de uma arquitetura clara, conectada a um propósito, às demandas do consumidor em transformação e ao futuro dos negócios.
Empresas que estão reescrevendo suas histórias de crescimento inteligente mostram que, para crescer, é preciso, antes, reposicionar-se. Não se trata apenas de trocar logotipo ou fazer uma campanha publicitária, mas de uma mudança que começa pela coragem de questionar o modelo atual, criar novos formatos de negócio e redesenhar a experiência de consumo para um cliente que espera conveniência, relevância e conexão com valores.
Crescer de forma inteligente também está diretamente relacionado à gestão eficaz das operações, especialmente em redes de franquias. Isso significa desenvolver modelos de loja que entregam performance, com processos claros, indicadores bem definidos e foco em rentabilidade por metro quadrado. No franchising, esse crescimento se traduz em oferecer suporte sólido e real aos franqueados, com ferramentas de gestão, treinamento e inovação de formatos, permitindo que cada unidade seja um ponto de contato potente com o consumidor e, ao mesmo tempo, um negócio saudável para quem a opera.
Isso envolve tomar decisões difíceis, como revisar redes de lojas, repensar o que significa conveniência na era digital, e integrar plataformas e serviços que entregam valor real ao cliente, ao mesmo tempo em que potencializam o ecossistema ao redor. É ter a clareza de que expansão precisa ser qualitativa, não apenas quantitativa, encontrando novos pontos de contato e formatos de loja que sejam economicamente eficientes e que ampliem o relacionamento com o consumidor.
Crescimento inteligente também significa entender que o físico e o digital não estão mais separados. Eles se complementam para construir uma presença de marca consistente, capaz de se inserir em múltiplos momentos da jornada do consumidor e de coletar dados que alimentam estratégias de personalização e de eficiência operacional.
O mercado tem mostrado que marcas que ousam se transformar antes de serem pressionadas pelo ambiente colhem os frutos de estarem preparadas para ambientes de consumo fluidos, digitais e altamente conectados. Para isso, é necessário combinar estratégia, execução disciplinada e flexibilidade, em vez de crescer pelo impulso ou repetição de fórmulas antigas.
Afinal, crescer por crescer é fácil, mas crescer de forma inteligente, sustentável e relevante é o que transforma empresas em marcas memoráveis.
Nota: No BConnected deste ano, que acontece em 8 e 9 de outubro, vamos aprofundar esse tema na trilha Arquitetura do Crescimento Inteligente, com a presença de Bárbara Miranda, CEO da Ampm, e Pierre Berenstein, CEO da Bold Hospitality Company (Outback, Aussie, Abbraccio). Nesta edição, teremos também a parceria do portal Mercado&Consumo, que estará conosco acompanhando e amplificando esta discussão.
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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