O setor supermercadista físico segue resiliente em 2025, mesmo diante de um cenário desafiador, marcado por inflação elevada, mudanças no comportamento dos consumidores e pela crescente concorrência de canais como atacarejos, clubes de compras e e-commerce. É o que aponta o mais recente relatório da Placer.ai, que analisa tendências de visitação e formatos no varejo alimentar nos Estados Unidos.
Mais visitas, menos tempo
Um dos principais destaques do estudo é o crescimento no número de visitas às lojas, acompanhado por uma redução no tempo médio de permanência dos clientes. Isso indica um movimento claro: os consumidores estão preferindo compras mais frequentes e rápidas, muitas vezes complementares às compras online. Em resposta, o setor tem apostado em lojas mais ágeis, com layouts otimizados e áreas de conveniência, para atender a esse novo ritmo.
O peso da geografia e da conveniência
A performance das lojas varia de forma significativa por região. Nas áreas costeiras e urbanas, os supermercados mantém uma fatia relevante das compras de alimentos para o lar. Já em regiões mais interiores, cresce o espaço de canais alternativos. Essa diferença reforça a importância da localização, da acessibilidade e da experiência oferecida por cada loja física.
Tendência de formatos mais enxutos e especializados
O estudo também mostra que lojas de menor porte apresentaram crescimento superior ao das lojas maiores. A agilidade desses formatos se alinha ao novo perfil de consumo, marcado por rapidez, praticidade e foco em missões de compra específicas.
Além disso, cresce a relevância de formatos especializados, que respondem à demanda por saudabilidade, refeições prontas e produtos de origem étnica. A diversificação da jornada do consumidor, que já não faz mais todas as suas compras em um único lugar, exige que o varejo se adapte, oferecendo soluções convenientes e alinhadas ao estilo de vida moderno.
Portanto, é fato que há uma mudança estrutural no varejo alimentar. Mais do que simplesmente vender produtos, os supermercados precisam, hoje, entregar conveniência, curadoria e agilidade. O consumidor atual busca otimizar seu tempo, equilibrar preço e qualidade, e encontrar soluções rápidas para sua rotina, seja no almoço durante o home office ou em uma visita rápida para complementar a compra da semana.
A loja física segue com um papel central, mas será cada vez mais necessário repensar formatos, sortimento e posicionamento estratégico para manter a relevância em um mercado dinâmico e competitivo. Fonte: Grocery Report – May 2025, Placer.ai
Fernanda Dalben é diretora de Marketing da rede de Supermercados Dalben.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato