A terceira edição do Web Summit Rio começou oficialmente na noite de domingo, quando o prefeito da cidade anunciou uma extensão do acordo, que manterá o evento no Rio de Janeiro pelo menos até 2030.
Mas foi ontem, segunda-feira, que a programação de palestras, workshops e encontros ganhou força. Artistas como Ivete Sangalo e Giovanna Antonelli marcaram presença. E uma quantidade impressionante de conteúdo foi oferecida em múltiplas sessões.
Inteligência Artificial, como esperado, foi um tema transversal. Esteve presente desde a apresentação do diretor da Nvidia, Márcio Aguiar, sobre IA agêntica, até o painel das fintechs sobre o papel da IA na prevenção de fraudes, passando por debates sobre contribuições negativas e positivas da tecnologia para a produtividade e obsolescência da força de trabalho.
Curiosamente, assim como já havia acontecido na NRF e no SXSW deste ano, neste segundo dia do Web Summit, o contraponto à força da tecnologia foi a valorização dos espaços físicos e das conexões humanas, citadas em diversas apresentações.
Cecilia Mondino, vice-presidente de Marketing da Heineken, foi uma das que defenderam a importância dos encontros na vida real. “As marcas precisam decidir sobre o que vão falar no mundo, não podemos só falar de nós mesmos. O assunto escolhido pela Heineken é a socialização”.
Para demonstrar como o conceito se aplica na prática, Cecilia mostrou diversas campanhas, como a do “Telefone Chato”, que estimula as pessoas a adotarem um telefone menos interessante para poderem dar mais atenção às suas vidas sociais. Boa parte dos encontros seria, claro, em bares, tomando uma cerveja.
Outro exemplo de marca que aposta em experiências IRL (na vida real, em português) é a H&M. A varejista, que está de malas prontas para desembarcar no Brasil no segundo semestre do ano, possui uma área específica para explorar Branding & Music (marca e música). Bianca Franklin, a executiva responsável por este trabalho no mundo todo, destacou a importância dos eventos musicais, da participação em festivais e da identificação proporcionada pela música com os clientes.
Os casos que evidenciavam a importância da exploração do mundo físico não pararam por aí. Camila Nunes, CMO da Amazon Brasil, destacou o projeto de distribuição física de produtos nas favelas do país, em parceria com entidades locais. Lucas Herscovici, líder da área DTC (venda direta ao consumidor) da AB InBev, comentou os bons resultados da estratégia de conveniência da empresa para chegar até a casa dos clientes por meio do Zé Delivery e TaDa. Sylvain Le Borgne, da JCDecaux, mostrou cases de sucesso da mídia OOH (out of home) em diversos países.
Mas o painel mais interessante do Web Summit Rio ficou para o final. A última sessão do dia, no Center Stage (palco principal do evento), reuniu o zagueiro Danilo, do Flamengo, e o jornalista Pedro Pirim Rodrigues, criadores do projeto Voz Futura, entrevistados pela Cecilia Oliveira, cofundadora do The Intercept. A ideia por trás da iniciativa é combater o conteúdo tóxico e negativo existente nas redes sociais, que provoca ansiedade, depressão e desconexão. E estimular os jovens a desenvolver um lado mais humano a partir da convivência fora das telas.
Para um evento dedicado à tecnologia e inovação, cujo tema principal promete ser a Inteligência Artificial, a fala da dupla surpreendeu. “Quanto mais falamos da inteligência artificial, menos falamos da inteligência emocional, social e ambiental”, afirmou Pirim Rodrigues. “Precisamos de mais equilíbrio”, arrematou Danilo.
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