A BYD acaba de consolidar um marco: já são 150 mil veículos vendidos no Brasil, o que faz do país o maior mercado da empresa fora da China. O resultado reforça a relevância estratégica do Brasil no tabuleiro global da montadora chinesa — e evidencia a mudança de percepção em relação às marcas do país asiático.
“Quando o consumidor compra um carro nosso, ele não fala o modelo, ele fala que comprou um BYD. Ele compra a marca. Isso é muito valioso e representa um novo estágio de aceitação de produto chinês aqui”, diz Pablo Toledo, diretor de PR e Branding da BYD no Brasil.
A aposta é de longo prazo. A BYD está investindo R$ 5,5 bilhões na instalação de uma fábrica em Camaçari, na Bahia, no antigo complexo da Ford. A planta será a maior da montadora fora da Ásia dedicada à produção de veículos de passeio.
“A fábrica traz pra gente a possibilidade de tropicalizar cada vez mais. E, na medida em que a gente tem cada vez mais mais carro nosso na rua, nós vamos fazendo a sintonia fina do produto”, diz Toledo. “A caminhonete, por exemplo, é um produto que não existe na China e que foi desenvolvida a partir de um de uma necessidade do consumidor brasileiro.”
Da mesma forma, está em desenvolvimento o motor híbrido flex, uma cooperação entre brasileiros e chineses para a criação de um motor híbrido com bateria e movido a etanol.

A expectativa positiva com relação ao mercado brasileiro é baseada, também, no potencial de crescimento do setor automotivo. O Brasil já chegou a registrar a venda de 3,5 milhões de carros por ano. Hoje, são 2,5 milhões. Para a BYD, o número pode não só retornar aos patamares anteriores, mas até crescer.
No campo do Marketing, o investimento inicial da BYD no Brasil foi para tornar a marca conhecida. Agora a prioridade é, segundo Toledo, quebrar três paradigmas: a percepção de que o produto chinês, o carro chinês e o carro elétrico são de qualidade inferior.
Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecosystem, diz que o mercado brasileiro se inspira no mercado chinês há muito tempo. Grandes grupos de varejo que hoje se destacam no setor se inspiraram, por exemplo, nos modelos chineses de ecossistemas de negócios. A forma como o consumidor vê o produto chinês também mudou.
“A percepção das empresas chinesas e dos produtos chineses pelo consumidor brasileiro evoluiu. O consumidor entende que eles estão em outro patamar. A ‘virada de chavinha’ começou por volta de 2015, também por conta do programa Made in China, do governo chinês, que resultou na transição da visão de um produto mais barato, ‘comoditizado’, para um produto tecnológico.”
Eduardo Yamashita e Pablo Toledo vão debater juntos o novo momento das relações de negócios entre China e Brasil no Latam Retail Show sponsored by IBM, maior evento de varejo B2B da América Latina, em setembro. Na manhã do dia 17, eles vão participar do painel “Consumidor global, olhar também global: investimentos da China no Brasil”. Além dos dois, estarão no palco In Hsieh, sócio da Gouvêa China Desk, e Jorge Gloss, diretor de Marketing da Jovi Mobile.

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