Transição de carreira nunca é algo fácil. Trocar de empresa ou setor exige adaptação e o desafio de aprender tudo novamente. Agora, imagine sair do McDonald’s, uma das maiores redes de fast-food do mundo e a terceira maior franquia do Brasil, para assumir uma empresa de bem-estar e beleza como a Espaçolaser. Dois mundos completamente distintos. Mas foi exatamente isso que aconteceu com Paulo Camargo, ex-CEO das duas companhias e autor do recém-lançado livro “Seja o líder que você gostaria de ter como chefe”.
Camargo esteve à frente do McDonald’s como CEO da companhia e, em uma transição radical, passou a liderar a Espaçolaser. Ele assumiu a rede de depilação em 2022 e permaneceu por dois anos no cargo. “Foi sensacional em termos de aprendizados. Primeiro porque eu tive que aprender tudo de novo. Eu não sabia nada sobre o setor”, explica.
Um dos fatores que o motivaram a aceitar o desafio foi a curiosidade. Quando entrou na Espaçolaser, a empresa enfrentava dificuldades. “Ela estava dando prejuízo quando eu assumi. E, depois de 18 meses, já tinha entregue a empresa com resultados 600 pontos-base melhores do que quando chegamos, resolvemos o problema da alavancagem financeira, renegociamos a dívida, e voltamos a apresentar lucro”, afirma.
Sob sua liderança, a Espaçolaser inaugurou 50 unidades no primeiro ano e ampliou sua atuação para cinco países. “Fiquei dois anos lá, e aí comecei a transição para essa nova fase: virar escritor, palestrante, conselheiro”, acrescenta.
Durante sua passagem pelo McDonald’s, Camargo destaca como um dos momentos mais marcantes a construção da identidade da marca como Méqui — um movimento que começou de forma espontânea, sem autorização formal, mas que hoje se consolidou no País.
“A gente chamava de McEvolution a estratégia do McDonald’s, que tinha três grandes pilares: a modernização dos restaurantes, a modernização do serviço — ou seja, aproximar as pessoas do cliente — e a conexão emocional com a marca”, explica.
Mesmo após sua saída da empresa, o Méqui segue lançando produtos inspirados no período em que ele esteve à frente da rede, como o Mequizice e o Fome de Méqui.
No atual momento de sua carreira, Camargo conta que seus planos estão concentrados em investir tempo no que o faz feliz: desenvolver pessoas. “Você vai me ver muito como professor, escritor, palestrante, conselheiro e mentor de executivos. Em breve, vamos anunciar algumas parcerias importantes que estão surgindo”, destaca.
Futuro da liderança no Brasil
A Inteligência Artificial (IA), como era de se esperar, é uma das principais tecnologias que devem impactar a gestão de equipes nos próximos anos, de acordo com Camargo.
“Eu acho que a área de gente, de gestão, de estratégia, de liderança não tem como ficar alheia a uma evolução dessa natureza. Trabalhei nessa área e vi tudo isso acontecer, mas nada se compara a esse fenômeno chamado IA. E não tenho nenhuma dúvida de que as organizações que conseguirem se apropriar mais rapidamente, de forma estratégica, sairão na frente”, afirma.
Ele ressalta que todo esse processo vai muito além de simplesmente usar o ChatGPT. “Não é uma questão só de usar o ChatGPT, que todo mundo sabe usar. É realmente como o lider ou gestor traz esses agentes em benefício das suas estratégias e da sua gestão”, explica.
Segundo Camargo, o futuro da liderança no Brasil passará por erros e acertos — desde maus chefes até bons líderes — e esse movimento faz parte do processo de desenvolvimento humano.
“Quanto mais as organizações falarem sobre isso, investirem nisso e colocarem essa discussão no dia a dia, mais rápido será esse processo”, ressalta.
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