Após quase 50 anos, Jerry Greenfield, cofundador da Ben & Jerry’s, deixou a marca de sorvetes, alegando ter perdido sua independência e acusando sua controladora, a Unilever, de ter silenciado sua missão social.
Conhecida pelo ativismo em direitos humanos e justiça, promovendo campanhas públicas e investimentos em projetos sociais, a Ben & Jerry’s foi vendida, em 2020, para a Unilever por US$ 326 milhões. Seus fundadores permaneceram na empresa como funcionários para ajudar a manter a missão social original.
Em carta publicada por Ben Cohen nas redes sociais, Greenfield acusa a Unilever de silenciar os valores de justiça e igualdade compartilhados pela marca, apesar de um acordo que protegia sua missão social quando foi adquirida em 2000.
“É com o coração partido que, após 47 anos e com a consciência limpa, decidi deixar o cargo na Bem & Jerry’s. É profundamente desapontador concluir que a independência com a qual a Ben e eu negociamos com a Unilever não existe mais. Essa independência está deixando de existir em um momento em que a atual governo do país está atacando direitos civis, de voto, de imigrantes, de mulheres e da comunidade LGBTQ”, escreveu.
Cohen e Greenfield vêm buscando investidores para ajudá-los a recomprar a marca, sem sucesso. “Ben e eu acreditamos que os valores e propósitos de justiça são mais importantes que a companhia. Se a ela não puder defender coisas que acreditamos, então não valeu a pena ter sido uma empresa”, diz.
Programa de reestruturação
Em 2024, a Unilever decidiu separar o seu negócio de sorvetes, incluindo a Ben & Jerry’s e a Wall’s, Magnum, em um programa de reestruturação que poderia afetar cerca de 7.500 empregos. A separação total está prevista para o final de 2025.
A medida que visa economizar cerca de 800 milhões de euros nos próximos três anos. Segundo a empresa, essa poupança mais do que compensará os efeitos negativos estimados da eventual separação do seu negócio de sorvetes como um negócio independente.
Em 2023, as suas marcas de sorvetes registraram um volume de negócios de 7,9 bilhões de euros.
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