Impulsionado pelo bom desempenho do segmento de vestuário, o varejo brasileiro deve registrar crescimento de 1,44% no terceiro trimestre de 2025, segundo projeções do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo) em parceria com a FIA Business School.
O setor de Tecidos, Vestuário e Calçados lidera o trimestre com alta expressiva de 5,35%, influenciado principalmente pelo forte resultado de agosto, de 5,65%. A performance contrasta com o cenário morno ou negativo de outros segmentos: Veículos, Combustíveis e Equipamentos de Escritório projetam variação zero para todo o trimestre, enquanto Alimentos e Bebida permanecem estagnados.
Entre os segmentos que ainda apresentam crescimento positivo, destacam-se Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico, com 1,94%; Artigos Farmacêuticos, com expansão de 1,10%; e Hipermercados, com modesto avanço de 0,52%.
O segmento de Livros, Jornais e Papelaria tem queda projetada de 8,26% no trimestre, a maior retração entre todos os segmentos analisados. Esta queda dramática é acompanhada por retrações significativas em Móveis e Eletrodomésticos (-1,48%) e uma leve queda em Materiais de Construção (-0,19%), setores tradicionalmente importantes para a economia brasileira.
“O varejo brasileiro enfrenta um paradoxo preocupante: enquanto vestuário e artigos pessoais mostram vigor excepcional, a maioria dos segmentos opera em marcha lenta ou reversa. É um crescimento concentrado e frágil que não reflete uma recuperação ampla do consumo”, analisa Claudio Felisoni, presidente do Ibevar e professor da FIA Business School.
Segundo ele, a crise no segmento de livros e papelaria merece atenção especial, pois reflete uma transformação irreversível nos hábitos de consumo, com migração acelerada para formatos digitais e o impacto duradouro das mudanças educacionais implementadas durante a pandemia.
Felisoni destaca ainda que a disparidade entre o desempenho dos diferentes segmentos revela as profundas transformações estruturais e conjunturais que afetam o varejo brasileiro. A estagnação total do setor automotivo confirma o impacto severo das altas taxas de juros, que que tornam o crédito proibitivo para a aquisição de bens duráveis. Já o forte crescimento do segmento de vestuário pode ser explicado por uma combinação de fatores sazonais e comportamentais. “Observamos que a resiliência do segmento farmacêutico, por sua vez, confirma a natureza essencial e inelástica destes produtos, mantendo crescimento estável independentemente do cenário econômico”, diz.
Imagem: Envato