Os 600 produtos do portfólio da Cimed, entre medicamentos, produtos de higiene, beleza e suplementos, estão hoje presentes em mais de 98% das farmácias brasileiras. Um dos segredos que fizeram a empresa se espalhar por todo o território nacional e sair, em dez anos, da 36ª para a 3ª posição em volume de vendas foi, segundo o CEO João Adibe, o pensamento regional.
João Adibe falou sobre varejo farmacêutico, liderança e sua atuação pessoal nas redes sociais em painel no segundo dia do Vtex Day, em São Paulo. A mediação ficou a cargo de Alfredo Soares, sócio da Vtex e fundador da G4 Educação.
“Não adianta você querer ter uma empresa nacional se você não tiver um pensamento regional. O Brasil é muito regional. Se o setor é pulverizado, quanto mais regionalidade você tiver, mais velocidade terá para expandir”, disse.
Até hoje, o CEO da Cimed percorre farmácias pelos País. “Como a gente, nos últimos dez anos, saiu de 36º para 3º lugar em vendas? Sem comprar ninguém, num país inflacionário? Foi com a cultura. Cultura de verticalização, de escala, de redução de custo, de entender o Brasil da regionalidade”, diz.
João Adibe diz que um dos valores da empresa é focar no pequeno empreendedor. “Vender para grande é a coisa mais fácil do mundo. Eu quero ver vender para o pequenininho. O vendedor do futuro não é o vendedor do sell in, é aquele cara do sell out, que vende para o seu cliente e ajuda o seu cliente a vender a mercadoria. Esse é o cara que vai prosperar.”
Brasil e o futuro do varejo
O CEO da Cimed se diz otimista em relação ao futuro do País, que, para ele, apesar de dificuldades constantes, como altas taxas de juros e inflação elevada, oferece muitas oportunidades. Tanto para quem quer trabalhar com os mais de 200 milhões de habitantes quanto para quem quer atuar com nichos específicos. Ele destaca a importância de, em qualquer situação, apostar nas pessoas.
“O brasileiro adora comprar com pessoas. Ninguém entra numa farmácia para passear, mas para comprar. Como eu vendo melhor? Se eu qualificar os meus funcionários que estão dentro daquela farmácia. Se eu não qualificar, ele não vai conseguir oferecer o produto para o cliente. Então, quanto mais a gente organizar e profissionalizar o ecossistema do salão de uma loja, mais a gente transforma aquele negócio.”
O case Carmed
João Adibe, que tem forte atuação nas redes sociais – são mais de 4 milhões de seguidores no Instagram -, também falou sobre o papel de influenciador da empresa. “Produto sem cara não vende. E o CEO tem que ser a cara da empresa. A primeira dica que eu dou pra todos os CEOs é: tem que falar, tem que aparecer.”
Ele destaca que o Marketing da Cimed é muito baseado em insights que vêm “de fora para dentro”. Por isso a relevância das redes sociais. Mas admite que nem todas as ações tiveram sucesso.
Um dos maiores cases da empresa é, certamente, a marca de hidratantes labiais Carmed, que virou febre entre jovens e crianças e tem protagonizado parcerias que viralizam facilmente. Em pouco mais de dois anos, o produto já gerou R$ 2 bilhões em receitas. “A Carmed agora está crescendo. Saiu dos lábios para a boca, entrou em oral care, agora vai pra maquiagem e depois vai descer no corpo”, contou João Adibe.
A digitalização, no entanto, não ocorreu sem tropeços. O executivo disse que um dos maiores erros da empresa foi lançar produtos digitalmente sem que os pontos de venda estivessem devidamente abastecidos. Além disso, a empresa tentou criar uma plataforma para, via redes sociais, direcionar o cliente ao varejo. Depois de perceber o descontentamento do varejo com a iniciativa, voltou atrás.
Claud.ia, a IA da Cimed
Neste ano, a Cimed lançou sua própria Inteligência Artificial. Batizada de Claud.ia, ela lê bulas e dá explicações sobre os medicamentos aos consumidores.
“Cláudia era minha mãe, fundadora da empresa, que não está mais presente com a gente. A gente conseguiu trazer a Cláudia para a vida real por meio da Claud.ia e ela virou a bula da indústria farmacêutica. Minha mãe, a mãe de todo mundo, a bula de todo mundo. A Cláudia dá dicas de onde você pode achar um produto, por exemplo. Com isso, eu consigo me ligar ao varejo.”
Ele considera fundamental que o board da empresa esteja totalmente envolvido com o tema, e não apenas a área de Tecnologia. “Não adianta você falar de Inteligência Artificial se o ecossistema não fala disso. A gente começou com a transformação da Inteligência Artificial há dois anos internamente. Os funcionários entenderam sua potência. Se a gente conectar a Inteligência Artificial ao nosso funcionário, a gente vai ter muito mais velocidade.”
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