A confiança do comerciante brasileiro recuou 5,0% em setembro, na comparação com agosto, e atingiu 97,2 pontos, segundo o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Essa é a primeira vez desde maio de 2021 que o indicador retorna a esse patamar, sinalizando um ambiente de cautela semelhante ao dos primeiros meses da pandemia de Covid-19.
Os dados mostram retração em todos os componentes do índice, com destaque para as expectativas dos empresários, que caíram 7,0% em relação ao mês anterior. Os investimentos também recuaram, ainda que de forma mais moderada (-2,6%).
“A confiança é um termômetro essencial da atividade econômica e reflete diretamente o humor das famílias. Quando o consumidor se retrai, o empresário também posterga investimentos e contratações, o que compromete a geração de empregos. Para reverter esse quadro, é fundamental criar condições que fortaleçam o poder de compra e estimulem o consumo responsável, devolvendo dinamismo ao comércio e à economia do País”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Segmentos mais afetados
Na comparação com setembro de 2024, a queda foi ainda mais intensa: -10,3%, a maior desde dezembro do ano passado. O principal fator foi a percepção negativa sobre as condições atuais da economia, que registrou recuo de 21,7% no período.
Outro dado relevante é que 46% dos varejistas apontaram expectativa de piora da economia em setembro — o maior percentual desde julho de 2020 (49,2%). Apesar disso, os que projetam melhora ainda permanecem como maioria, mas a aproximação entre os dois lados reforça o ambiente de incerteza.
“A taxa Selic em patamar alto desestimula os investimentos, ao mesmo tempo em que o enfraquecimento do mercado de trabalho e a redução da intenção de consumo das famílias freiam o comércio. Não por acaso, a intenção de contratação de funcionários foi o subitem com maior queda em setembro”, explica economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
Entre os setores, o de bens duráveis, como eletrodomésticos, móveis, material de construção e veículos, apresentou retração de 13,7% em setembro, na comparação anual. Já nos bens não duráveis, supermercados, farmácias e lojas de cosméticos lideraram o pessimismo, com queda de 10,2% na percepção atual e de 8,5% nas expectativas, registrando o menor nível entre os segmentos (113,4 pontos).
Imagem: Agência Brasil






