Para cinco em cada dez consumidores brasileiros (54%), o tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros deve impactar o aumento dos preços, especialmente em alimentos (30%), combustíveis e energia (45%) e produtos importados em geral (27%), segundo levantamento conduzido pelo Centro de Estudos Aplicados de Marketing da ESPM (Ceam). Como resposta, 60% afirmam que pretendem cortar gastos e dar preferência a alternativas nacionais.
O levantamento, realizado com 1.000 participantes de todas as regiões do Brasil, mostra que 41% dos brasileiros afirmam não entender bem o que é o tarifaço, enquanto apenas 19% dizem ter conhecimento claro sobre o assunto. Além disso, 45% se declaram com pouco ou nenhum conhecimento sobre política, o que pode dificultar ainda mais a compreensão do impacto dessas medidas.
“As pessoas tendem a comprar mais do que é daqui quando se sentem prejudicadas lá fora. É um jeito de proteger o que é nosso e reagir consumindo produtos nacionais”, afirma Evandro Luiz Lopes, diretor acadêmico de Pesquisa e Pós Stricto da ESPM.
Para 51,3% dos entrevistados, a medida afetará diretamente o Brasil, e 42,8% acreditam que também terá impacto em seu dia a dia. Quando questionados sobre os efeitos gerais, 68% preveem prejuízos para a economia, enquanto 41% avaliam que o impacto sobre a vida dos brasileiros será mais negativo do que positivo. Apenas 18,5% percebem algum benefício potencial.
Setores mais afetados
A percepção de impacto negativo se estende a setores estratégicos da economia. Para sete em cada dez entrevistados, o agronegócio será um dos segmentos mais prejudicados, seguido pela indústria (68%) e pelo comércio (53,9%), este último visto como menos exposto devido à menor dependência do mercado externo.
No campo político, 53,5% defendem que o Brasil adote medidas de resposta ao tarifaço. Ainda assim, a preferência é por soluções negociadas (21%) em vez de retaliações diretas, como a imposição de tarifas equivalentes (15%).
Confiança nas instituições
Os dados revelam um cenário de ceticismo em relação às instituições brasileiras. Para 48% dos entrevistados, o Governo Federal não transmite confiança, número semelhante ao registrado para o Supremo Tribunal Federal (STF) (49%). Ao todo, 41% avaliam negativamente a atuação das instituições, frente a apenas 31% que têm uma visão positiva.
Outro ponto de destaque é o potencial crescimento do sentimento antiamericano. Para 63% dos entrevistados, a medida adotada pelos EUA tende a piorar a imagem do país junto à população brasileira. Apenas 9% acreditam que a imagem dos Estados Unidos seguirá inalterada.
Imagem: Envato





