Entidades que representam a indústria e o comércio criticaram o novo aumento dos juros anunciado pelo Banco Central nesta quarta, 18. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a Selic em 0,25 ponto percentual, de 14,75% para 15% ao ano.
Essa foi a sétima elevação seguida dos juros básicos. A Selic está no maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) disse, em nota, que “considera inadmissível” o novo aumento dos juros. “Cada nova elevação da taxa de juros é um golpe adicional na capacidade de produção e de o país de crescer de forma sustentável.”
De acordo com a Firjan, dados recentes indicam um desempenho fraco da economia no curto prazo, especialmente nos setores mais sensíveis ao crédito, como a indústria, que permanece 14% abaixo da máxima histórica de 2011.
“A falta de confiança do setor é alarmante: o Índice de Confiança do Empresário Industrial fechou o primeiro semestre de 2025 no campo pessimista, sinalizando um risco claro para os investimentos no Brasil. Sem confiança, os empresários se mostram cada vez mais hesitantes em comprometer recursos em novos projetos e inovações”, diz a nota.
A Firjan pede, ainda, medidas de enfrentamento de problemas estruturais e a criação de um ambiente mais favorável para os negócios. Entre as medidas pedidas, está “o avanço de uma agenda fiscal que reduza a rigidez orçamentária e abra espaço para o financiamento de investimentos e políticas públicas estratégicas”.
O setor de comércio e serviços de Belo Horizonte também reagiu ao sétimo reajuste consecutivo da taxa Selic, divulgado pelo Banco Central. Na perspectiva da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o novo aumento de juros demonstra que a política adotada pela autoridade monetária “tem sido um entrave à retomada do crescimento, em especial para os pequenos e médios negócios, que são mais sensíveis ao custo do crédito”.
“A elevação da taxa básica de juros ampliará os desafios enfrentados pelo setor produtivo. Embora o controle da inflação seja necessário, juros mais altos restringem o acesso ao crédito, comprometem o consumo das famílias e reduzem a capacidade de investimento das empresas”, avalia o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Para a entidade, um novo aumento tende a intensificar a desaceleração econômica, penalizando principalmente os pequenos e médios empreendedores, que ainda enfrentam um ambiente de incertezas e baixa demanda.
“O novo reajuste também pode provocar desaceleração nas vendas, aumento da inadimplência e retração nos investimentos. Defendemos que o combate à inflação precisa ser equilibrado com políticas que estimulem a produção, o consumo e a geração de empregos”, concluiu o dirigente.
Imagem: Shutterstock