A revolução no foodservice é constante e acelerada. Aqueles que entenderem e abraçarem a tecnologia como um motor de transformação não apenas sobreviverão, mas prosperarão neste novo cenário. Assim, nesta edição do Latam Retail Show 2025 sponsored by IBM, trago esse tema. Divido com você os pontos fundamentais.
Mais do que nunca, compreendemos que a tecnologia não é um mero acessório, mas o alicerce de uma revolução que está redefinindo a forma como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos. E o Brasil, com sua pujança e potencial, está no centro dessa transformação.
O agronegócio: nosso motor essencial e inteligente
Não podemos falar de foodservice sem antes reverenciar o agronegócio brasileiro. Somos o 3º maior produtor de alimentos do mundo e nosso agro responde por 25% do PIB nacional, alimentando mais de 1,2 bilhão de pessoas globalmente. É uma responsabilidade imensa e uma capacidade invejável. Mas a questão é: como otimizar essa potência? A resposta está na evolução para o Agro 5.0, a agricultura digital na prática.
Pensemos na IoT (Internet das Coisas) no campo. Sensores analisam umidade, temperatura e condição do terreno, permitindo irrigações precisas e inteligentes. Os drones agrícolas, por sua vez, mapeiam pragas e doenças com uma acurácia impressionante, gerando uma economia de até 40% em defensivos agrícolas. E as plataformas de Big Data? Elas nos dão a capacidade de prever colheitas e flutuações de mercado com uma antecedência que antes era inimaginável. O resultado? Uma redução de até 15% no desperdício de recursos hídricos, um avanço fundamental para a sustentabilidade. A tecnologia, aqui, se traduz em menos perdas e maior produtividade, impactando positivamente em até 20% em soluções práticas no campo e na distribuição, como destacado em nossas análises.
Indústria 4.0: automação e inteligência no processo produtivo
Da fazenda para a indústria, a Indústria 4.0 dita o ritmo da inovação. A manufatura inteligente, com robôs atuando na triagem da matéria-prima e no processamento, garante não só agilidade, mas também padronização e qualidade superiores. A IoT se estende às linhas de produção, onde sensores controlam temperaturas e tempos de processo, assegurando a precisão necessária.
Mas o verdadeiro diferencial está nos sistemas de Inteligência Artificial (IA) integrados. Estes ajustam máquinas em tempo real, por exemplo, durante o engarrafamento, reduzindo paradas não planejadas em 30%. Isso significa menos tempo de inatividade, maior rendimento e, em última instância, produtos de melhor qualidade chegando mais rápido à mesa do consumidor.
Supply Chain inteligente: perdas, rastreabilidade e transparência
A jornada do alimento, do campo ao consumidor, é complexa e cheia de desafios. É aqui que o Supply Chain inteligente entra em cena, prometendo não só mitigar perdas, mas garantir rastreabilidade e transparência sem precedentes. O Blockchain na jornada do alimento é uma ferramenta revolucionária. Ele permite que o consumidor tenha acesso direto à origem do produto, datas de colheita/produção e até mesmo dados ambientais associados. É a promessa de uma confiança mútua e uma relação mais direta com quem produz.
A gestão logística, impulsionada por Big Data, otimiza rotas de transporte por meio de programação linear, resultando em uma redução de custos em até 18%. Além disso, a automação no transporte em centros logísticos, com sensores nos carregamentos, pode prever avarias antes que elas aconteçam, evitando prejuízos e garantindo a integridade dos produtos. Essas inovações não são apenas sobre economia, são sobre responsabilidade e garantia da qualidade.
Tecnologia conectando consumidores e operações
O foodservice moderno não existiria sem a tecnologia que conecta a ponta da cadeia – o consumidor – com a operação. As experiências personalizadas com IA já são uma realidade. Algoritmos sofisticados analisam as preferências dos clientes via aplicativos, oferecendo sugestões que realmente fazem sentido, construindo uma relação de fidelidade.
Robôs no varejo e restaurantes automatizam pedidos com reconhecimento de voz e imagem, e os sistemas touchless trazem não só conveniência, mas também segurança. O Machine Learning nos ajuda a prever a demanda com base na sazonalidade ou promoções, otimizando estoques e evitando desperdícios. E os onipresentes aplicativos de delivery? Com IA, eles maximizam pedidos e aumentam a eficiência, permitindo que um restaurante atenda até 25% mais rápido. É a agilidade e a inteligência a serviço da satisfação do cliente.
Tecnologia em favor da sustentabilidade: imperativo
A preocupação com o meio ambiente deixou de ser um diferencial e se tornou imperativa. A tecnologia oferece soluções incríveis para a sustentabilidade. Fábricas estão reduzindo suas emissões de CO2 ao utilizar biogás gerado por resíduos orgânicos, o que pode levar a uma redução de gases em até 40%. As Agroflorestas Inteligentes, como as desenvolvidas pela EMBRAPA, conectadas a sensores climáticos, preveem o momento ideal para o plantio de espécies agrícolas, maximizando o uso dos recursos naturais.
E exemplos práticos nos mostram que isso é possível em larga escala: impressionantes 96% das operações do McDonald’s no Brasil utilizam energia limpa. Isso não é apenas uma questão de imagem, é uma estratégia de negócios inteligente e um compromisso com o futuro do nosso planeta. O ESG, sem dúvida, garantirá competitividade.
O futuro da cadeia de alimentação é compartilhado
Todas essas inovações convergem para uma verdade inegável: o futuro da cadeia de alimentação é colaborativo e compartilhado. Empresas como a Solinftec conectam fazendeiros a previsões de chuva via IoT, reduzindo perdas nas colheitas. A integração SAP no foodservice liga estoques em fazendas e indústrias, criando um fluxo otimizado. E a Rede FoodChain, por meio do Blockchain, permite rastrear toda a cadeia em tempo real, construindo uma rede de confiança e transparência.
Não podemos esquecer do Retail Media no foodservice, um mercado que globalmente pode ultrapassar US$ 100 bilhões até 2026. Isso demonstra o poder da conexão digital e da personalização na forma como os alimentos são comercializados e apresentados ao consumidor.
As cinco verdades inegáveis do foodservice moderno
Para finalizar, gostaria de recapitular os pilares que sustentam essa revolução e que nos guiarão para o futuro:
- Tecnologia é o alicerce da integração do campo à mesa: inovações como IoT, Blockchain e Indústria 4.0 não são apenas palavras da moda; elas são a espinha dorsal da eficiência, rastreabilidade e customização que a cadeia de valor exige.
- Sustentabilidade e inovação andam de mãos dadas: não há futuro sem responsabilidade. Agricultura regenerativa, energia limpa e redução de desperdícios são metas que exigem tecnologias inteligentes, e o ESG não é um custo, mas um investimento na competitividade.
- O consumidor está no centro da transformação tecnológica: personalização por IA, cloud kitchens e experiências digitais são prova de que conveniência, eficiência e proximidade do cliente são os grandes motores da inovação no foodservice.
- O futuro é agora: inovação contínua é mandatória: não podemos esperar. Precisamos focar em tecnologias disruptivas, pois as empresas que liderarem essa frente se tornarão protagonistas do mercado.
- Colaboração é a chave para um ecossistema eficiente: conectar agronegócio, indústria e foodservice exige parcerias estratégicas, compartilhamento de dados e tecnologias integradas. O futuro próspero depende de cadeias colaborativas e profundamente integradas.
Repito: a revolução no foodservice é constante e acelerada. Vamos juntos construir esse futuro!
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato




