O setor de panificação brasileiro deve faturar R$ 160 bilhões este ano, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip). O resultado representa um aumento nominal (sem descontar a inflação) de 6%, abaixo dos 10,9% registrados em 2024 em relação ao ano anterior.
O dado reforça o peso da economia no ramo das padarias, mas evidencia os desafios que os empresários do setor enfrentam. Levantamento da consultoria Equus mostra que 26,6% do comércio varejista de laticínios e frios (que inclui padarias e empórios especializados) foi fechado entre dezembro de 2022 e 2024, o equivalente a 7,7 mil estabelecimentos.
Segundo a Equus, das 7.754 empresas que encerraram as atividades, 7.605 eram microempresas, representando 98,05% do total de fechamentos. Sobre o tempo de maturação dos negócios, 19,4% interromperam a operação com menos de 24 meses, um número elevado que, segundo a consultoria, é resultado do aumento da informalidade, da pressão do grande varejo em regiões mais afastadas e das dificuldades operacionais e de gestão enfrentadas pelos microempreendedores.
Além das padarias que atuam na venda de laticínios, os dados da Equus incluem também empórios e mercados de bairro que possuem panificação e laticínios próprios. Para a pesquisa, foram consideradas empresas com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 4721-1/03, somando 29,9 mil estabelecimentos desse tipo.
O número de lojas, no entanto, é bem inferior ao registrado pela Abip, que reportava 106,9 mil padarias e empórios em 2024, frente a 90,2 mil no ano anterior. Ainda não há previsão da entidade para 2025. Para chegar a esse número, a associação utiliza como referência os seguintes CNAEs: 1091-1/02 (fabricação de produtos de padaria e confeitaria com predominância de produção própria); 1091-1/01 (fabricação de produtos de panificação industrial); 4721-1/02 (padaria e confeitaria com predominância de revenda); e 4637-1/04 (comércio atacadista de pães, bolos, biscoitos e similares). A Abip estima que 47,5 milhões de pessoas frequentem padarias diariamente, o que corresponde a 22,1% da população.
Segundo o Instituto Food Service Brasil (IFB), ainda que os dados da Equus tratem apenas do varejo de laticínios, eles refletem um “contexto multifatorial que impacta especialmente pequenos operadores do setor, como padarias e mercados de bairro”.
Em nota, a entidade afirmou que a alimentação fora do lar, incluindo as padarias, vem enfrentando pressões inflacionárias constantes, e que as categorias de laticínios e frios são especialmente sensíveis, pois o custo de produção e logística é altamente afetado por variações cambiais, aumento de insumos e energia elétrica. A falta de acesso a ferramentas de gestão de compras e estoque também limita a capacidade de superar os desafios econômicos.
Outro ponto sensível, segundo o IFB, é o aumento da informalidade, especialmente de operadores autônomos, que muitas vezes oferecem produtos similares com estruturas de custo mais enxutas. Essa realidade, somada ao crescimento das plataformas digitais de venda direta e marketplaces, impactou fortemente os pequenos varejistas tradicionais, “sobretudo aqueles que dependem da venda de itens com baixa diferenciação e mais perecíveis”, como pão e frios artesanais.
Apesar dos desafios, o IFB acredita que há caminhos para o reequilíbrio do mercado. Iniciativas de digitalização, parcerias com fornecedores para gestão inteligente de sortimento e a adoção de práticas sustentáveis e de valor agregado podem reverter a tendência de retração. Além disso, a entidade aponta a necessidade de políticas públicas voltadas à redução da informalidade, ao acesso ao crédito e ao apoio técnico a pequenos operadores.
Segundo a pesquisa da Equus, há em curso um movimento de consolidação do setor, com grandes empresas ampliando sua presença em mercados mais afastados, o que abre oportunidades para fusões e aquisições.
Com informações de DC News.
Imagem: Envato





