A inadimplência do consumidor atingiu o maior patamar desde setembro de 2023, alcançando 30,2% da população brasileira, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A pesquisa mostra que o aumento do índice em julho foi de 0,5 ponto percentual, acompanhado pelo crescimento da quantidade de famílias que declararam não ter condições de pagar as dívidas, percentual que chegou a 12,7% (+0,2 p.p.). Essa é a maior proporção desde dezembro de 2024.
“O aumento do número de famílias que já não conseguem pagar suas dívidas e a estagnação do endividamento indicam que os brasileiros estão no limite de sua capacidade de contrair novas dívidas”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
O endividamento ficou praticamente estável, em 78,5%, com avanço de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior. Ainda foi observado que a tendência de redução dos prazos firmados para os pagamentos se manteve pelo sétimo mês consecutivo, com as dívidas superiores a um ano representando 31,5%.
Mesmo com os indicadores elevados, a CNC projeta que o endividamento deve começar a desacelerar nos próximos meses. A expectativa é que a combinação de juros elevados e aumento da inadimplência leve as famílias a um comportamento mais cauteloso com o crédito. A entidade prevê que 2025 deve terminar com níveis mais altos de endividamento (+1,1 p.p.) e inadimplência (+1,4 p.p.) em comparação ao fim de 2024.
“A redução dos prazos mostra um uso cada vez mais defensivo do crédito. Esse comportamento exige atenção das autoridades para que se evite uma estagnação no comércio e nos serviços”, completa Tadros.
Contas em atraso por mais tempo
O tempo de inadimplência, segundo o levantamento, aumentou em julho, com 47,5% dos consumidores com contas em atraso nessa situação há mais de 90 dias. Ainda assim, houve melhora no percentual de famílias que comprometem mais da metade da renda com dívidas, que passou de 19,2% para 18,9% no mês.
O cartão de crédito segue como o principal meio de endividamento (84,5%), embora tenha recuado 1,5 ponto percentual em comparação ao mesmo período do ano anterior. Já os carnês continuam ganhando espaço, sendo a segunda modalidade mais utilizada, com 16,8%, à frente do crédito pessoal, que aparece com 10,6%.
Imagem: Envato





