O desafio de estimular o consumo consciente

O desafio de estimular o consumo consciente
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Nesta época do ano, vivenciamos os dois principais eventos que mais estimulam o consumo do País. O Natal e a Black Friday. Esta última, originária dos EUA, já tem seu lugar ao sol no Brasil há alguns anos.

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Para entendermos os motivadores do alto consumo nessa época do ano, vale conhecermos um pouco mais sobre a história desses grandes eventos.

Nos Estados Unidos, o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving) foi declarado feriado nacional em 1939, comemorado na última quinta-feira de novembro. Sua origem é de 1620, quando imigrantes ingleses comemoravam uma farta colheita em uma plantação, e convidaram os índios nativos americanos para dividir os alimentos e celebrar com eles.

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Já a Black Friday, que não é um feriado nacional, foi derivada justamente do Thanksgiving. O termo Black Friday foi usado pela primeira vez por policiais da Filadélfia nos anos 50, quando uma multidão de turistas e compradores chegou à cidade no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças para aproveitar as promoções do comércio local. Com o caos causado pelo grande número de pessoas andando nas ruas e diante do engarrafamento na cidade, os policiais rotularam aquela sexta-feira como Black Friday. O nome ganhou fama e, no final dos anos 80, já era conhecido em toda a América e vinculado às vendas após o dia de Ação de Graças.

No Brasil, a Black Friday acontece aproximadamente 1 mês antes do maior evento para o comércio, o Natal. Esse que já despensa apresentações, representa o período de maior consumo para o varejo. Mas o que tudo isso tem a ver com o título do artigo?

Dado que o consumidor mudou seu comportamento, no sentido de estar cada vez mais preocupado com os valores e o propósito das empresas que estão por trás dos produtos e serviços que estão consumindo, as empresas precisam se movimentar de modo a conseguir equilibrar esses dois pratos – aproveitar essa época do ano para vender, sobreviver e crescer e, ao mesmo tempo, estar atento ao consumo consciente, movimento que vem ganhando bastante atenção, especialmente nos últimos cinco anos.

Nosso modelo atual de consumo já se provou inviável, e é sabido que causa um alto impacto ambiental: a humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra. Caso esse padrão de produção e consumo continue aumentando nesse nível, ou mesmo que mantenha o patamar atual, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas para suprir todas as necessidades básicas dos seres humanos – água, energia e alimento. Porém, não existe uma segunda Terra.

O consumo consciente não significa deixar de comprar ou vender. Significa criar, durante o processo de compra e venda, uma percepção e conscientização de que toda ação traz consigo um impacto, positivo ou negativo, na economia, relações sociais e na natureza.

Nesse novo contexto, surgem as empresas conscientes, cada vez mais frequentes no Brasil. Isso é ainda mais forte quando essa consciência está relacionada com um retorno positivo para a sociedade e com o meio ambiente. Existe uma preocupação do consumidor acerca do que as empresas das quais ele consome produtos ou serviços estão fazendo para contribuir com o bem-estar do planeta e das comunidades em que estão inseridas.

Por isso, a tendência é que os negócios mostrem de forma pública e clara como estão lidando com essas questões. E o grande diferencial das empresas conscientes é que possuem a consciência de que precisam contribuir com a sociedade e criam mecanismos para atuar dessa maneira.

Na prática, como se tornar uma empresa consciente e se destacar durante o processo de escolha do consumidor?

  1. Liderança consciente
    Todo tipo de mudança e iniciativa depende de uma peça que é fundamental para qualquer negócio: as pessoas. E ninguém melhor para iniciar esse movimento do que os líderes que estão atuando no dia a dia da empresa. É papel da liderança inspirar e orientar em direção aos seus princípios, estratégias e valores. O que diferencia esse tipo de liderança das demais é que elas buscam o que é melhor para o negócio e para todas as partes envolvidas, ou seja, os clientes, parceiros, os próprios colaboradores e a sociedade como um todo.
  2. Propósito além do lucro
    Claro que ganhar dinheiro é muito bom e fundamental para o negócio crescer e obviamente que a empresa jamais deverá abdicar do seu lucro. Mas a mentalidade pode ser alterar de modo que um dos pilares de sustentação e crescimento da empresa seja realmente resolver as dores do seu cliente e, para além disso, deixar um legado conectado com uma visão de negócios sustentáveis e conscientes.
  3. Impacto consciente
    Para que as iniciativas realizadas pelo negócio tenham realmente impacto, é preciso que a geração de valor atinja todas as partes. Para que isso funcione, é imprescindível que colaboradores, acionistas, clientes, parceiros e sociedade estabeleçam uma relação de ganha-ganha.
  4. Cultura consciente
    Apenas a proposta de causar um impacto positivo para o meio não se sustenta se a cultura da empresa não age dessa mesma forma. A cultura é que dita as regras de como os colaboradores devem se comportar perante a sociedade. E isso é tão benéfico para o negócio que deve ser utilizado como base para qualquer ação que a empresa irá fazer. Seja na contratação de pessoas, seja até mesmo em parcerias com outros negócios.

Talvez a questão mais complexa dessa transformação seja definir de que modo iniciar esse processo. De maneira o geral, o primeiro passo é se informar e usar casos de sucesso no assunto como referência. Crie um planejamento e envolva seus colaboradores, uma vez que a transparência é peça-chave para o sucesso de qualquer transformação.

Aproveite todas essas datas comemorativas para ajudar o seu negócio a crescer, mas pense na forma como isso tudo pode se reverter em impactos positivos no planeta e estimule seu cliente a pensar por esse caminho. Assim, sua empresa tem maiores chances de se destacar num mercado competitivo com consumidores mais conscientes.

Gustavo Vieira é líder de projetos da Gouvêa Consulting.
Imagem: Shutterstock

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