A fintech Neon, a caminho de completar uma década em atividade, busca amadurecimento enquanto enfrenta desafios para se tornar consistentemente lucrativa. No primeiro semestre, a empresa registrou prejuízo de R$ 35 milhões, uma melhora em relação aos R$ 265 milhões negativos no mesmo período de 2024.
Com uma base de mais de 32 milhões de clientes, a instituição financeira conseguiu reduzir as perdas na primeira metade do ano e chegou a apresentar lucro no primeiro trimestre, impulsionada pela contínua expansão do crédito. No entanto, a concorrência em um mercado disputado e o cenário de juros elevados ainda representam obstáculos para consolidar um negócio lucrativo de forma consistente.
No final de 2024, a Neon havia atingido o breakeven, ponto em que receitas e custos se igualam, e o impulso se manteve no primeiro trimestre de 2025, quando a empresa registrou lucro líquido de R$ 9,3 milhões. Nos três meses seguintes, porém, a linha voltou a ficar negativa.
“Não houve nada pontual”, garante o diretor de Tecnologia (CTO) e vice-presidente de produtos da Neon, Wilton Pinheiro, “É simplesmente uma dinâmica de carteira, inclusive com um prejuízo menor do que esperávamos”, explica.
O objetivo ainda é o de obter uma trajetória de ganhos sustentáveis, guardadas as devidas sazonalidades, de acordo com Pinheiro. “Não estamos fazendo guidance, mas se você imagina que a curva é positiva, então a tendência é de em 2026 termos um número muito melhor, recorrentemente positivo”, pontua.
Novas contas
No percurso até essa meta, a fintech abriu 2,4 milhões de novas contas no primeiro semestre, 23% a mais que no mesmo intervalo do ano anterior. Em junho, as contas ativas saltaram 13% na comparação com igual mês de 2024, para um número não divulgado. O desafio central agora é ampliar a principalidade, ou seja, o volume de clientes que tenham a Neon como principal banco. “Queremos que as pessoas que venham para cá queiram realmente usar os serviços da Neon e que possamos ajudá-las no dia a dia”, diz Pinheiro.
Funding
A Neon também segue trabalhando pela independência de funding. Em julho, a empresa concluiu uma rodada de investimentos Série E, que captou cerca de R$ 720 milhões. O quadro de acionistas passou ter dois novos investidores: a International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial para o setor privado, e a Deutsche Investitions- und Entwicklungsgesellschaft (DEG), subsidiária do Grupo KfW, principal banco de desenvolvimento da Alemanha.
Fundada em 2016, a Neon cresceu na mesma onda que popularizou bancos digitais como Nubank, Inter e PagBank. Tornou-se um unicórnio – startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão – em 2022, após investimento do BBVA. A fintech se posiciona mais fortemente entre o público das classes B e C e, para consolidar o processo, a fintech está apostando em um reposicionamento de marca com a assinatura “Pra Você Viver no Azul”. “É um posicionamento que traz essa ideia de que nós amadurecemos. É uma empresa que tem nove anos, que cresceu com os clientes e tem muito mais gente que pode trabalhar com a gente”, conclui Pinheiro.
Com informação do Estadão de Conteúdo (André Marinho).
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