Food & entertainment: gastronomia e diversão em experiências inesquecíveis

O conceito de food & entertainment combina elementos de entretenimento, cultura e design com gastronomia, criando momentos em que a refeição se torna um evento central, complementado por experiências sensoriais e sociais. A premissa é transformar uma ida a um restaurante, bar ou outro tipo de negócio de alimentação em algo mais do que comer fora; envolve interação, tecnologia, storytelling até performances ao vivo.

Em um contexto de hiperconexão e dinamismo, o cliente não busca apenas consumir um produto ou serviço; ele busca por experiências que carreguem memórias, emoções e conexões significativas. O conceito de food & entertainment surge dessa necessidade, unindo dois universos poderosos — a gastronomia e o entretenimento — para proporcionar vivências únicas e impactar diretamente a relação entre marcas, consumidores e seus públicos.

Essa tendência é mais do que apenas uma junção de boas refeições com momentos de lazer; é uma transformação de como os negócios no setor de foodservice (e além dele) se posicionam.

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No contexto do foodservice, isso pode significar desde restaurantes temáticos que imersam o cliente em uma narrativa, até eventos gastronômicos com música, teatro ou até mesmo tecnologias como realidade aumentada aplicada à refeição.

As bases do food & entertainment exploram:

Tendências internacionais: a magia do food & entertainment pelo mundo

Em países com culturas gastronômicas fortes, como Japão, Estados Unidos e na Europa, vemos o food & entertainment atingindo níveis de excelência com marcas e negócios que integram elementos únicos no dia a dia dos consumidores.

Nos Estados Unidos, podemos destacar a experiência como produto, em que a gastronomia temática ocupa um espaço central. Restaurantes como o Rainforest Café ou o The Magic Castle, em Los Angeles, colocam o ambiente no centro da experiência de jantar, transformando uma simples refeição em um espetáculo visual e interativo.

O caso do restaurante teamLab Planets, em Tóquio, que mistura o conceito tradicional de um jantar com um ambiente digital interativo, é outro exemplo essencial: as paredes e o ambiente são literalmente “vivos”, imersos em arte digital que reage ao movimento dos clientes. Com isso, o restaurante passa a ser um local onde a tecnologia e a interação são parte do show.

Além disso, temos a ascensão de jantares performáticos nos quais a refeição é acompanhada de shows de dança, música ou peças teatrais. O dinner theater, tanto em Las Vegas quanto em cidades europeias, é um grande atrativo.

Na Ásia, o recorte é a inovação tecnológica à mesa. O conceito é impulsionado com a incorporação da tecnologia de ponta. Cidades como Tóquio ou Seul têm se tornado centros globais de experimentação com os “restaurantes digitais.”

O Ristorante Eneko Tokyo, por exemplo, transforma jantares em experiências únicas utilizando hologramas, projeções na mesa e tapetes 3D que interagem com o layout dos pratos. Esses elementos transformam o ato de comer em uma performance visual memorável.

O Ichiran Ramen traz foco total à comida e ao contexto mais imersivo de satisfação sensorial, enquanto restaurantes de gastronomia molecular utilizam apresentações quase científicas como entretenimento em si.

Na Europa, tudo gira em torno da tradição com toque um de arte; desse modo, o food & entertainment frequentemente dialoga com arte e tradição. Grandes exemplos incluem os jantares em castelos medievais na Escócia, França ou Irlanda, que proporcionam imersões culturais com narrativas históricas enquanto servem pratos típicos diretamente de receitas tradicionais.

O Brasil, terra de imensa riqueza cultural e diversidade gastronômica, também abraça o conceito de food & entertainment de forma criativa, explorando múltiplos caminhos.

Eventos como o Taste, festivais de gastronomia regional (moqueca, comida de boteco) e jantares com música (samba, sertanejo etc) ao vivo são exemplos claros de como o cenário nacional conecta gastronomia e entretenimento. Isso cria experiências únicas em pequenos negócios ou grandes casas de espetáculo.

Alguns empreendimentos regionais, como o Cariri Garden Experience, no Ceará, incorporam dança, música e referências locais — desde forró até degustações de pratos típicos tradicionais —, transformando as raízes culturais em narrativas.

Em Pelotas, Rio Grande do Sul, o Johnnie Jack foi concebido para promover a cultura e o rock, integrando interesses locais com a cultura internacional. O mesmo vale para o The Cavern, nova casa de shows, com abertura programada para novembro, que tem a ambição de se tornar “a casa dos Beatles” em Brasil, trazendo o acesso a história, a música e a gastronomia.

Por fim, restaurantes de alta gastronomia, como o D.O.M., Taraz e Notiê, também exemplificam a imersão entre sabores, apelo visual e storytelling.

O food & entertainment não é apenas uma tendência, mas a prova de que a união entre gastronomia, entretenimento e inovação pode oferecer aos operadores de foodservice mais qualidade em sua captação de receitas, além de transformar refeições em espetáculos memoráveis, elevando conexões humanas e criando experiências que transcendem o ato de comer.

Tudo isso, exige o desenvolvimento de novas capacidades no negócio, adesão a tecnologias e times cada vez mais preparados.

Cristina Souza é cofundadora e CEO da Tanjerin.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato

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