Ações de marketing bem pensadas levam em conta o perfil de seu consumidor e suas especialidades e, para Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (CUFA) e CEO da Favela Holding, os moradores de favelas estão sendo retirados dessa equação.
“As favelas consomem mais do que a Bolivia e Paraguai juntos, mas as empresas insistem em fazer planos de expansões para esses lugares ao invés de focarem em territórios afastados das capitais”, afirma.
A pesquisa Data Favela 2023 mostra que se as favelas brasileiras formassem um Estado, seria o terceiro maior do Brasil em população. Segundo a pesquisa, o número de favelas dobrou na última década, totalizando 13.151 mapeadas pelo país.
A renda movimentada pela população dessas comunidades também aumentou, e quebrou a barreira dos R$ 200 bilhões, R$ 12 bilhões a mais em relação ao último ano. Atualmente, mostra o Data Favela, são estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de moradores.
“Favela é um lugar de potência, não de carência. Quando pensamos nas favelas como lugares de carência, esquecemos que a maioria das pessoas de lá tem demandas, e as empresas querem acessar essas pessoas”, explica.
Athayde conta que peças publicitárias que retratam o ideal de beleza comum da classe média metropolitana do País não alcançam o público periférico e que é necessário mais do que influenciadores com milhões de seguidores nas redes sociais e jargões rebuscados para conquistar um público que está cada vez mais empoderado para que vive cenários diferentes.
“A diferença está em como as marcas se relacionam com esse território e com essas pessoas. Elas não falam português, elas falam favelês. As favelas não querem ser catequizadas, querem ser a melhor versão delas mesmas, e comerciais com influenciadores ricos não são o suficiente para chegar até elas”, finaliza.
O empresário foi um dos palestrantes do Fórum E-Commerce Brasil 2023. O evento foi realizado no Transamerica Expo Center, em São Paulo, entre os dias 25 e 27 de julho.
Imagem: Gabrielly Mendes