Mulheres revelam dificuldades em construir carreira em tecnologia

Estudo mostra que 89,7% das respondentes acredita haver desigualdades nos processos seletivos em áreas predominantemente masculinas

Mulheres revelam dificuldades em construir carreira em tecnologia
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A área da tecnologia está em constante crescimento, principalmente por conta do avanço digital que vemos nos últimos anos. Mesmo com a grande demanda, o mercado ainda enfrenta um grande desafio com a falta de mão de obra capacitada. E mesmo diante da escassez de talentos, as mulheres sentem resistência por parte das empresas durante os processos seletivos. É o que uma pesquisa exclusiva do Infojobs deixou claro, com a participação de 879 mulheres de 18 a 60 anos. Das entrevistadas, 89,7% acreditam que o gênero pode influenciar as contratações em áreas predominantemente masculinas, como é o caso de Tecnologia da Informação (TI).

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“A igualdade no mercado de trabalho é uma luta de muitos anos. Embora tenhamos avançado e muito, ainda vemos desigualdade salarial e dificuldade de promoção, sustentados por uma política pouco inclusiva. A diversidade é muito importante nos times, mas nosso estudo mostrou que 78,4% das participantes acreditam que já perderam alguma oportunidade de emprego por ser mulher. Nesse cenário, 61,9% dizem que já enfrentaram situações invasivas em processos seletivos, onde o foco não era apenas suas habilidades profissionais”, revela a CEO do Infojobs, Ana Paula Prado.

Para tentar ultrapassar as barreiras, mulheres que querem uma oportunidade na tecnologia estão investindo em cursos online. A Hashtag Treinamentos, edtech que já capacitou mais de 80 mil alunos, vê com otimismo a busca por capacitação. “Podemos observar uma crescente na participação feminina nos últimos anos no curso de Python e na formação de Ciência de Dados. O curso com mais pessoas interessadas é o de Python, linguagem mais popular de programação pela facilidade no aprendizado”, comenta João Paulo Martins, CEO da Hashtag Treinamentos.

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De 2021 para 2022, as matrículas de mulheres no curso de Python cresceram 25,36%, de 1.246 para 1.562. Até o início de abril de 2023, 353 já deram um passo além nos estudos e apostaram em aulas online. Em relação a Ciência de Dados, o novo curso teve a adesão de 372 mulheres no ano de lançamento, o que representa 25,78% dos alunos matriculados. Neste ano, 73 estão matriculadas e participando das atividades e fóruns de Hashtag, um total de 22,26% das participações.

“A maioria dos assinantes ainda é do gênero masculino. Por observar esse cenário, todas nossas aulas são elaboradas visando democratizar o ensino de tecnologia para que as barreiras sejam cada vez menores. No fórum, também damos suporte e incentivamos todos a buscarem oportunidades na área”, explica João.

Cultura inclusiva

Mesmo após a Primeira Revolução Industrial, a expectativa era que as mulheres ficassem em casa cuidando dos filhos. Porém, ao longo do tempo, ficou evidente que elas têm o poder de definir onde querem estar. Os avanços, no entanto, não foram suficientes para erradicar as condições desiguais e o assédio, já sofrido por 74,1% das mulheres, segundo pesquisa do Infojobs.

De acordo com Ana Paula, o caminho para combater o sexismo no ambiente corporativo é trabalhar uma cultura inclusiva. “O RH precisa ser focado em criar oportunidades iguais para homens e mulheres. E desenvolver programas internos de combate às discriminações é fundamental para isso, até mesmo porque a Lei nº 14.457 exige a implementação de uma política de prevenção ao assédio sexual e outras formas de violência no local de trabalho. Um passo interessante é trabalhar ações afirmativas para mulheres, principalmente quando falamos em áreas predominantemente masculinas”, defende.

Para além da equiparação salarial, a executiva defende que promover diversidade deve consistir numa estratégia ampla, incluindo auxílio-creche ou flexibilidade para mães, programas de combate ao assédio e incentivos para cargos de liderança. “Acredito, por fim, que o principal é manter a escuta ativa para entender o que é importante para as colaboradoras e aplicar. A atenção deve ser ainda maior quando a porcentagem de mulheres é menor do que a de homens”, finaliza a executiva.

Com informações de Mercado&Tech
Imagem: Shutterstock

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