Problema ambiental das sacolas plásticas dá lugar a solução de impacto social

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Hora de passar a compra no caixa, a pergunta padrão é feita quase que de forma automática: “Quer uma sacolinha?”. O consumidor, que mal presta a atenção, diz que sim. Pega a sacola para, minutos depois, descartá-la na natureza, onde ela levará até 1000 anos para se decompor. Isso se não parar antes em algum bueiro das nossas cidades ou no estômago de uma tartaruga marinha.

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Há quem ache exagero que um saquinho de plástico possa causar tanto estrago. O problema é que não é apenas um. Esse mesmo diálogo do “quer uma sacolinha?” se repete milhões de vezes todos os dias no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), cerca de 1,5 milhão de sacolas são distribuídas por hora no País. E o problema ambiental começa já com a produção delas, com o consumo de recursos naturais como o petróleo, gás natural e a geração de gases tóxicos e do efeito estufa.

A verdade é que o mal do plástico na natureza é um problema bastante conhecido, mas mesmo assim, continua sendo um desafio sem solução. Há um entendimento de que as sacolas não são sustentáveis, mas pouca gente diz “não, obrigado”, quando o atendente oferece a embalagem para as compras no caixa. Sim, é um problema comportamental que só pode ser vencido com uma solução que também mira a cultura da sociedade.

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Nesse sentido, diversas organizações já têm pensado em campanhas de incentivo pela troca da sacola de plástico pela retornável, vinculando essa substituição a experiências positivas, como o acúmulo de pontos ou, ainda, doações a instituições sociais.

A ideia é mudar o comportamento do consumidor, que passará a usar as sacolas retornáveis, não apenas para preservar o meio ambiente, mas também para juntar pontos, ter desconto ou contribuir com alguma organização social.

E essa proposta tem se mostrado eficaz, principalmente nas campanhas voltadas para as doações, como revela um estudo da Louisiana State University e da Ohio State University, publicado em fevereiro de 2022, que aponta que o uso de sacolas plásticas é reduzido em 30% quando se oferece ao consumidor um incentivo de doação para uma causa social, em troca de sua mudança de hábito. Nessa perspectiva, o uso desenfreado de sacolas plásticas, que era um problema, se transforma em uma solução de impacto social.

Algumas redes varejistas no Brasil e no mundo já perceberam a relevância dessa iniciativa e assumiram papel de protagonistas na causa. É o caso da rede Atacadão de supermercados atacadistas, que criou o projeto da Sacola Solidária, em que parte das vendas das sacolas vai para causas sociais. No exterior, as empresas CVS, Target e Walmart desenvolveram neste ano uma sacola retornável com um QR code. Cada vez que ela é utilizada nos pontos de venda, uma recompensa é gerada para o consumidor, inclusive doações a instituições sociais.

Outro exemplo é a iniciativa One Bag Habit, da H&M, KappAhl e Lindex. As organizações fizeram uma verdadeira reforma na sua política de entrega de sacolas plásticas, mudando o material delas para que sejam mais sustentáveis, fazendo campanha de conscientização do uso da sacola retornável e vinculando sua venda à doação. Em 18 meses, eles reduziram em 70% o uso de sacolas plásticas e geraram cerca de 200 mil euros de doação para ONGs de meio ambiente.

Percebe o impacto de uma iniciativa que transforma comportamentos? Na medida em que os consumidores entendem que o uso das sacolas retornáveis cabe em suas vidas e, até mais, que essa mudança de comportamento traz ganhos reais para ele e para o planeta, a substituição da sacola de plástico começa a ser cultural. E aí, não demora, e a tal pergunta “quer uma sacolinha” vai ficar fora de moda.

Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi são cofundadores do Grupo MOL, ecossistema de negócios sociais que promove a cultura de doação.

Imagem: Shutterstock

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