O tripé do crescimento sustentável das PMEs: operação, comercial e pessoa

No Brasil, as pequenas e médias empresas (PMEs) representam quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, concentram mais de 50% dos empregos com carteira assinada e movimentam cerca de R$ 599 bilhões por ano. São, portanto, a espinha dorsal da economia. Mas, apesar dessa relevância, muitas ainda crescem no improviso, o que limita sua expansão.

Estrutura é o que diferencia negócios que apenas sobrevivem daqueles que crescem com consistência. Negócios bem estruturados conseguem se apoiar em processos claros, controles confiáveis e uma visão estratégica que integra operações, comercial e pessoas. Estruturar não significa engessar, mas organizar para que cada parte da engrenagem funcione de forma eficiente, eliminando desperdícios e retrabalhos.

Dados recentes mostram que o setor começa a retomar o fôlego. O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs apontou um aumento de 1,7% nas movimentações financeiras em julho de 2025, em comparação com o mesmo mês de 2024. O avanço já havia sido de 3,7% em junho. O resultado foi impulsionado pela volta da confiança do consumidor e pela desaceleração da inflação, com destaque para os setores da indústria e de serviços. Ainda assim, o patamar elevado dos juros segue sendo um freio para uma retomada mais intensa.

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Como organizar operações, comercial e pessoas de forma integrada?

O crescimento sustentável surge quando as áreas conversam entre si. É na integração entre operações, comercial e recursos humanos que o negócio se fortalece. Quando os processos estão claros, o time ganha produtividade; quando o comercial entende a jornada do cliente, a receita se torna previsível; e quando as pessoas têm clareza de papéis, capacitação e reconhecimento, o clima organizacional torna-se motor de resultados.

Um estudo da Serasa Experian revelou que 53% das PMEs investem em cursos ou capacitações para aprimorar ou transformar suas empresas. Além disso, 40% conversam com pessoas do setor para melhorar a gestão, 37% fazem planejamento financeiro e outras 37% buscam informações na internet. Esses dados mostram que os  empreendedores estão mais abertos a rever práticas e investir em conhecimento contínuo, um sinal de maturidade e de busca por estruturação.

É possível lucrar sem abrir mão do bem-estar?

Ainda existe a crença de que, para lucrar, é preciso sacrificar horas de sono, saúde mental e equilíbrio pessoal. Eu mesmo precisei enfrentar um burnout para entender que não precisava ser assim. Hoje, como empreendedor, reforço que o bem-estar é um ativo estratégico.

Um negócio que cresce às custas do esgotamento do dono ou da equipe pode até aumentar a receita, mas dificilmente sustenta seus resultados no longo prazo.

Negócios bem estruturados distribuem responsabilidades, estabelecem metas realistas e criam ambientes psicologicamente seguros. Isso não significa a ausência de desafios, mas, sim, clareza e método para enfrentá-los sem desgaste desnecessário.

É possível, e necessário, construir empresas que sejam boas para os clientes e igualmente boas para quem faz a operação acontecer.

Qual é o próximo passo para estruturar melhor sua empresa?

O primeiro passo é sempre o diagnóstico: entender como cada área da empresa funciona hoje e onde estão os gargalos, inclusive ouvindo a realidade dos seus colaboradores e os feedbacks dos clientes. Depois, redesenhar processos, alinhar metas e investir na capacitação do time. A partir daí, o planejamento estratégico se torna mais realista e a expansão, mais segura.

Vale lembrar que a estrutura não é algo estático. Ela precisa ser revisada periodicamente, acompanhando mudanças de mercado, sazonalidades e o próprio amadurecimento do negócio.

Para facilitar esse processo, compartilho um checklist com pontos essenciais que ajudam a direcionar o trabalho de diagnóstico e planejamento em PMEs:

Empresas organizadas prosperam de forma mais ágil e com menos desgaste, beneficiando o dono, o time e todos que se conectam com a marca. Esse equilíbrio entre eficiência e bem-estar deve guiar a próxima etapa das PMEs brasileiras.

Rodrigo Papa é fundador da Pane di Padre.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato

 

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