O motor do franchising: crescimento que ganha consistência

O setor de franquias brasileiro segue mostrando sua força. Tradicionalmente medido por indicadores como faturamento e número de unidades, o franchising continua sendo um dos motores mais dinâmicos da economia. Em 2025, o setor registrou um crescimento de 13,5% em faturamento, reflexo de um mercado em constante transformação e com novas oportunidades de expansão.

Mas o verdadeiro diferencial do franchising contemporâneo está em ir além dos números. Crescer não é apenas multiplicar unidades. É construir redes sólidas, sustentáveis e guiadas por propósito, com governança e inteligência estratégica que garantam a longevidade.

Cada vez mais, as marcas têm entendido que expandir com propósito é o caminho para criar valor de longo prazo. Uma pesquisa recente com 135 redes de diferentes portes e segmentos, apresentada durante o BConnected 2025, revela que o franchising brasileiro vive uma fase de amadurecimento: há redes com governança robusta, processos claros e estratégias digitais avançadas, que servem de referência para todo o setor. Mesmo entre aquelas que ainda estão em transição, há um movimento nítido em direção à digitalização, à gestão orientada por dados e à incorporação de práticas de ESG.

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O que diferencia as redes mais bem-sucedidas não é o tamanho, mas a capacidade de transformar complexidade em estratégia e desafios em vantagem competitiva.

Crescimento com inteligência

Hoje, 53% das franqueadoras optam por um crescimento mais conservador e estratégico, enquanto 22% planejam expansão acelerada. Longe de ser um sinal de retração, esse comportamento mostra um mercado mais maduro, que busca sustentabilidade e coerência em cada nova abertura.

Mais da metade das redes converte entre 1% e 3% dos leads em franqueados efetivos, o que indica um processo seletivo mais criterioso e orientado à qualidade. O foco não é apenas atrair interessados, mas encontrar empreendedores alinhados à cultura da marca, com capacidade de gestão, capital e visão de longo prazo.

O setor demonstra que o verdadeiro motor do franchising não é a pressa, mas a consistência. Redes que crescem com critério constroem bases sólidas para expandir de forma sustentável e com muito mais chances de sucesso.

A era da inteligência e da tecnologia

A digitalização chegou de forma definitiva ao franchising. Ferramentas de automação e análise de dados já fazem parte da rotina das redes, melhorando o atendimento ao consumidor, o funil de captação e o acompanhamento de performance das unidades.

Esse avanço tecnológico trouxe também mais profissionalismo à seleção de franqueados. Hoje, o processo inclui avaliações sobre perfil, capacidade de gestão, preparo financeiro e familiaridade com soluções digitais. Segundo a ABF, a taxa de aprovação pode ser inferior a 10% em alguns segmentos, um indicador do alto padrão de exigência que o setor vem adotando.

O resultado é positivo: um franchising mais qualificado, orientado à eficiência e preparado para competir em um ambiente cada vez mais digital. Ainda há espaço para evoluir, especialmente na exigência de business plans estruturados e na integração de franqueados veteranos nos processos de seleção. Isto demonstra que a direção é clara: o franchising brasileiro está se sofisticando.

Omnichannel: o novo território de sinergia

O omnichannel é outro campo que avança rapidamente. Sete em cada 10 redes já têm alguma integração entre físico e digital e o número de marcas com canais conectados cresce a cada ano. Embora 38% ainda operem com baixa integração, o movimento de transformação é irreversível.

O desafio agora é transformar a integração tecnológica em valor compartilhado, com regras claras de comissionamento e cooperação entre franqueadora e franqueados. Quando isso acontece, o consumidor é o maior beneficiado por poder usufruir de uma experiência fluida, sem barreiras entre loja física e e-commerce.

ESG e liderança: novas fronteiras de valor

O tema ESG deixou de ser periférico e passou a integrar a agenda estratégica de muitas redes. As práticas ainda são majoritariamente iniciais, como programas de reciclagem, ações comunitárias e treinamentos de conscientização, mas a tendência é de expansão. O próximo passo é incorporar métricas, relatórios e indicadores de sustentabilidade ao planejamento de longo prazo, consolidando o ESG como fator competitivo.

O mesmo ocorre com a liderança. Muitas franqueadoras são jovens, mas já reconhecem a importância da sucessão estruturada, da formação de líderes e do engajamento dos franqueados como parte ativa da cultura da marca. Essa consciência é um sinal de maturidade e de visão de futuro.

O código do crescimento sustentável

Os fundamentos clássicos do franchising, como suporte, padronização e marca reconhecida, continuam importantes, mas não bastam mais. O novo “código da atratividade” de uma rede inclui reputação, modelo validado, previsibilidade de retorno, margens sustentáveis, inovação constante e práticas sólidas de ESG e dados. Esses são os elementos que diferenciam as redes realmente preparadas para o futuro.

Governança e padronização já são regra; agora, a nova fronteira é transformar digitalização, ESG e liderança em pilares estratégicos. As marcas que fizerem essa virada, ou seja, de iniciativas pontuais para práticas estruturantes, vão consolidar não apenas crescimento, mas terão longevidade e relevância.

No franchising, o futuro não pertence apenas a quem cresce mais rápido, e sim a quem transforma expansão em impacto, escala em eficiência e propósito em valor real para todos os elos do ecossistema.

Notas: Para ter acesso ao conteúdo completo da pesquisa, entre em contato com nossa equipe pelo WhatsApp.me.

Caroline Bittencourt é sócia e diretora de Relacionamento e Insights do Grupo Bittencourt.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato

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