Neste final de semana, fui à Taste SP. Essa 9ª edição consolidou sua posição como o principal evento gastronômico da cidade, atraindo não apenas amantes da boa comida, mas também marcas e estabelecimentos que enxergam na plataforma uma oportunidade de crescimento e expansão de suas bases de clientes. Além de sua proposta inovadora, há outros aspectos que elevam a experiência dos visitantes e tornam o evento um verdadeiro case de estudo em consumo, branding e design.
Ir ao Taste SP não é como visitar um simples festival gastronômico; é uma experiência sensorial completa, cuidadosamente planejada para surpreender o público. Desde a curadoria de pratos e bebidas, que representam a diversidade da cena culinária paulistana, até os detalhes da ambientação, cada momento do evento é projetado para cativar.
Imersão em sabores e histórias: cada prato não é apenas uma refeição, mas uma narrativa. Os chefs saem das cozinhas para interagir com o público, explicando seus processos criativos e destacando a cultura por trás das receitas. Isso cria uma conexão emocional com os participantes, transformando a experiência em algo memorável.
Qualidade acima de tudo: o objetivo é sempre elevar o padrão de consumo nos detalhes mínimos, desde o sabor dos pratos até o atendimento no local. Chamadas perfeitamente organizadas por senha, potes padronizados e compostáveis são alguns exemplos.
Essa experiência diferenciada não só fideliza o público como também demonstra o que as marcas presentes têm de melhor, criando embaixadores espontâneos e gerando recomendações boca a boca.
Um dos diferenciais desta edição é o layout circular do evento, que desempenha um papel vital para facilitar e estimular interações. Inspirado em conceitos modernos de organização espacial, a disposição circular cumpre vários objetivos:
- Engajamento fluido: diferentemente de eventos com corredores lineares, o formato circular promove circulação contínua. Os visitantes conseguem explorar o evento sem a sensação de “fim”, descobrindo novas experiências a cada passo.
- Equilíbrio de visibilidade: nenhum restaurante ou tenda fica “escondido” ou marginalizado. Todas as marcas compartilham do mesmo ponto de destaque no espaço.
- Espaço que convida à interação: no centro, atrações ao vivo, seja música, workshops ou tendências gastronômicas, ciam uma âncora que naturalmente atrai pessoas, gerando movimento em todas as direções.
Esse modelo de organização reflete um importante insight: a experiência espacial pode ser tão poderosa quanto o conteúdo oferecido. E quando o design facilita o caminho do cliente, tudo flui melhor.
O ponto de maior impacto do Taste SP, talvez, seja sua capacidade de alavancar negócios locais, especialmente bares e restaurantes. Mais do que um espaço de exibição, o evento funciona como uma vitrine que impulsiona a conexão das marcas com os consumidores. Estar no Taste significa interagir com um público-alvo curioso pelo novo, exigente, por ter investido em seu ingresso e antenado, que normalmente busca não só novidade, mas um padrão elevado.
Muitos estabelecimentos utilizam o evento para lançar receitas exclusivas, avaliar a aceitação de pratos ou experimentar modelos de negócio, como pequenos eventos personalizados.
Desde chefs renomados até influenciadores digitais, o evento cria momentos de compartilhamento que amplificam o alcance das marcas por meio das redes sociais. A presença no Taste reforça a qualidade e narrativa da marca, posicionando-a como referência.
Não é à toa que muitos restaurantes participantes experimentam um aumento significativo de visibilidade e vendas após o evento. A combinação de público engajado, experiência prática e interação direta cria um “efeito de ancoragem” poderoso para a percepção dessas marcas.
Se compararmos a primeira edição com a atual, a evolução do Taste SP é evidente:
- Uso de tecnologia: aplicativos de navegação no evento, pagamento cashless e QRCodes para interações rápidas tornaram a visita ainda mais cômoda.
- Sustentabilidade em foco: já não se vê plásticos descartáveis. Copos reutilizáveis e sistemas de descarte adequado são padronizados.
- Expansão da diversidade gastronômica: atualmente, o Taste abraça cozinhas de nicho, desde culinária vegana até pratos típicos de pequenas regiões do Brasil.
Esses avanços não só acompanham as tendências de mercado, mas também destacam como o evento responde às demandas do público, sempre inovando.
Um evento como o Taste SP não é apenas um sucesso de público, mas também um impulsionador de mudanças no setor gastronômico. Mais do que vender pratos, marcas e restaurantes constroem interações conscientes, memoráveis e altamente eficientes em um ambiente desenhado para criar conexões emocionais com os consumidores.
Ao mesmo tempo, o público sai do evento com muito mais do que novos pratos favoritos; leva histórias, sensações e memórias que os tornam consumidores ainda mais conectados às marcas.
Estive lá e presenciei tudo isso na prática. Para quem é do segmento, recomendo.
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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