A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou queda de 0,5% em outubro, marcando o terceiro mês consecutivo de retração no índice. Com 101 pontos, o indicador alcançou o menor patamar desde março de 2025 e segue em ritmo de retração, embora permaneça marginalmente acima do nível de otimismo, que é de 100 pontos, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), já com ajustes sazonais.
As famílias de menor renda voltaram ao nível pessimista, com 99,1 pontos, após dois meses em campo otimista. Já as famílias de maior renda alcançaram o menor nível de otimismo desde junho de 2023, com 112,6 pontos, e apresentaram retração anual de 3,4% no indicador.
“Mesmo com os baixos índices de desemprego, a série da pesquisa indica a percepção de insegurança quanto aos próximos meses, fator que faz com que as famílias consumam menos para tentar dar conta das dívidas já criadas”, afirma o presidente do sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
A maioria dos componentes da ICF apresentou queda em outubro. As exceções foram o Acesso ao Crédito e o Momento para Duráveis, que registraram estabilidade e interromperam a queda dos dois meses anteriores. Essa estabilização revela a maior dependência do consumo no crédito, motivada pela necessidade de recursos para a preparação das festas de fim de ano.
Apesar do aumento da facilidade das compras a prazo pelo quinto mês consecutivo, com crescimento anual de 2,5% no Acesso ao Crédito, o Momento para Duráveis manteve a maior retração entre os componentes, com queda de 5,3% no ano, evidenciando a forte influência da Selic nas compras parceladas ou financiamentos com juros, que seguem em nível mais alto que no ano passado.
A alta do endividamento foi acompanhada por um aumento da inadimplência em setembro, que atingiu o maior nível da série histórica, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também divulgada pela CNC. Esse cenário reforça a maior cautela dos consumidores ao comprar, com desaceleração já observada no comércio.
Imagem: Envato