No universo das pequenas e médias empresas, ter fluxo de caixa previsível é como navegar com um mapa e uma bússola em mãos: cada passo é calculado, cada decisão é mais segura e o destino fica muito mais próximo.
Mas a realidade é que boa parte dos empreendedores não tem essa previsibilidade. Um estudo do Sebrae, publicado no DataSebrae, apresentou os principais fatores das causas de mortalidade das empresas, por meio de opiniões espontâneas dos empresários.
Entre as principais causas, estão a falta de planejamento, capacitação e gestão, o que indica a necessidade de um gerenciamento de fluxo de caixa eficaz, já que ele influencia diretamente a tomada de decisões e define a continuidade de uma empresa. É nesse contexto que a combinação do Pix com plataformas de pagamento recorrente desponta não apenas como inovação tecnológica, mas como ferramenta estratégica.
O Pix é hoje a forma de pagamento mais utilizada pelos brasileiros, superando cartões e boletos e movimentando trilhões de reais anualmente. Essa tendência se confirma quando olhamos para os dados mais recentes da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços): somente no primeiro semestre de 2025, foram 128 milhões de pagamentos diários, com destaque para o uso do cartão de crédito, que atingiu R$ 1,5 trilhão em volume transacionado. Já o pagamento por aproximação respondeu por 71% das transações, sendo que 39% delas foram via carteiras digitais, e os pagamentos recorrentes cresceram 34% no período.
Esse movimento reforça a maturidade do mercado e o espaço promissor para modelos de recorrência. Não é apenas uma questão de conveniência: essa integração muda completamente a relação do empreendedor com suas finanças. Por exemplo, ao automatizar a cobrança, acompanhá-la em tempo real e ainda oferecer lembretes proativos ao cliente, é possível reduzir drasticamente a inadimplência; na maioria dos casos, inclusive, é possíveleliminá-la quase por completo.
Para quem vende por assinatura (por exemplo, uma academia, um serviço de delivery, um software ou até um clube de benefícios), isso significa menos fricção para o cliente e mais liquidez para o negócio.
Além disso, contar com uma plataforma que consolide dados de cobrança e ofereça uma visão integral da própria saúde financeira empodera o gestor a tomar decisões embasadas em dados — o que hoje podemos considerar o estado da arte no mundo dos negócios. Saber exatamente quem está adimplente, quais clientes precisam de ação de retenção e como está o comportamento de pagamento ao longo dos meses é o diferencial competitivo dos sonhos.
No meu ponto de vista, a combinação de Pix e pagamentos recorrentes simboliza a construção de uma base sólida para a previsibilidade e o crescimento sustentável, inclusive ao antecipar os recebíveis dos recorrentes, ou parte deles, para eventuais necessidades. É dar às pequenas e médias empresas a chance de se planejar, investir com segurança e se blindar contra um dos maiores inimigos do empreendedor brasileiro: a instabilidade do caixa.
Dessa forma, o empreendedor deixa de operar no modo “apagando incêndios” e passa a agir de forma estratégica, antecipando oportunidades e reduzindo riscos. E quando a tecnologia oferece simplicidade, velocidade e confiabilidade em um mesmo pacote, ela deixa de ser apenas um recurso e se torna um verdadeiro parceiro de negócios.
Cláudio Yamaguti é CEO e sócio fundador da Afinz.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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