A Inteligência Artificial (IA) generativa vem mudando a forma como as empresas gerenciam seus estoques, de acordo com Kenneth Corrêa, especialista em tecnologia e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele destaca que a tecnologia, aliada a sistemas de recomendação avançados, prevê demanda, otimiza preços e identifica produtos com baixa rotatividade “antes que se tornem um problema”.
Corrêa explica que as empresas estão adotando uma abordagem mais holística para entender seus consumidores. “Plataformas de dados do cliente (CDPs) já preveem a rotatividade de produtos e segmentam campanhas para escoar estoques específicos e personalizar ofertas para diferentes regiões, perfis de consumo e ofertas”, acrescenta.
Os leilões digitais também são uma saída para quando a tecnologia preditiva não é suficiente para reverter o acúmulo, sendo essa uma estratégia que vem crescendo no Brasil.
“Os leilões corporativos representam uma forma rápida, segura e eficiente de transformar estoque em capital com liquidez imediata. Produtos que antes ocupavam espaço e geravam prejuízo podem encontrar novos mercados e novos públicos por meio dessas plataformas”, explica Thiago da Mata, da Kwara, plataforma de leilões online.
Segundo Da Mata, empresas de diversos segmentos — de eletrodomésticos a mobiliário — já utilizam esse recurso como parte do planejamento estratégico.
Perspectivas para os próximos anos
Até 2027, o comércio eletrônico no Brasil deve crescer, em média, 19% ao ano, segundo projeções da Payments CMI. Diante desse ritmo acelerado, a gestão inteligente de estoque passa a ser não só um diferencial, mas um pilar de sustentabilidade do negócio.
“Nos próximos anos, veremos a integração entre sistemas de gestão de estoque, IA preditiva e plataformas de liquidação automatizada. A Amazon já experimenta isso com sua tecnologia Just Walk Out e sistemas de recomendação em tempo real”, afirma.
Já Eduardo Augusto, CEO da IDK, consultoria especializada em tecnologia, design e comunicação, reforça a importância da execução. “Nunca tivemos tanta ferramenta disponível e tanto conhecimento compartilhado. A diferença está em escolher os parceiros certos e manter o foco. Vendas sempre serão prioridade, um negócio que não vende, quebra.”
Para Mata, a combinação de inovação e sustentabilidade será a chave do próximo ciclo. “Ao vender produtos parados para novos compradores por meio de leilões digitais, estamos promovendo economia circular e uso mais eficiente de recursos de uma forma segura e transparente. É uma solução que beneficia empresas, consumidores e o meio ambiente. Grandes organizações já vêm utilizando essa estratégia e quem ainda não começar ficará para trás.”
Imagem: Envato