“O setor público precisa ouvir mais o privado”, afirma Sergio Moro

Sergio Moro
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A live “Mercado & Consumo em Alerta” desta manhã (15 de julho) contou com a presença de Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Operação Lava Jato. A conversa foi conduzida por Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, com apoio de Claudia Elisa, conselheira de Administração do IBGC e  Eduardo Yamashita, COO do Grupo GS& Gouvêa de Souza.

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Moro disse durante a live que quando entrou para Governo foi uma decisão difícil largar a magistratura. Sua intenção era assumir o Ministério da Justiça para consolidar os avanços contra a corrupção dos últimos anos, além de realizar um trabalho de combate ao crime organizado e à criminalidade violenta. “Minha percepção foi que essa agenda, principalmente anticorrupção, não estava tendo a prioridade necessária e ao final, por conta dessa interferência na Polícia Federal”.

Ele ainda afirmou que foi fiel aos compromissos assumidos por ele durante sua permanência na pasta. “Eu recebi muito apoio e também muitas críticas, claro. Tivemos queda significativa dos principais indicadores criminais, inclusive de assassinatos”, disse ao reforçar que foram implementadas diversas políticas, mas que infelizmente não foi possível ir adiante.

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Sergio Moro contou que as dificuldades da pandemia [no ambiente público] podem ser as reformas que já eram necessárias antes mesmo da crise. Ele explicou que a Reforma Administrativa, que ficou pronta no ano passado, não foi encaminha até hoje pelo Governo. “Pode ser que a pandemia tenha esse efeito colateral de impulsionador de reforma importante para o Brasil. Falta uma coordenação Federal na pandemia mais racional e a União Federal não pode abdicar dessa responsabilidade”, alertou.

O ex-ministro afirmou que foram tomadas medidas corretas na área do amparo econômico para as pessoas e empresas, e que a crise pode resultar em algo positivo para todas as esferas. Moro disse que o setor privado tem contribuições relevantes a serem dadas independentes do setor público. “Não podemos esperar o que o Governo faça tudo, pois o setor privado tem sua dinâmica própria”, lembrou.

Sobre corrupção, o ex-juiz da Lava Jato disse que hoje em dia se tem muito claro que a corrupção e a engrenagem para a econômica, “ela enterra e destorce o mercado”, disse ele, que apontou o significativo aumento nos gastos públicos e a Realização de gastos desnecessários como consequências negativas para a produtividade da economia com relação à este tema [corrupção].

Ele citou ainda uma expressão famosa – construção de catedrais no deserto – ao usar o exemplo das construções de estádios durante a Copa do Mundo que não tinham, e até hoje não têm, condições de se sustentar. Para ele, o dano à produtividade da economia é fenomenal quando praticado em larga escala. “A agenda da corrupção arrefeceu nesse governo. O nível de corrupção diminuiu depois da operação Lava Jato e espero que assim permaneça, mas para permanecer é importante ter uma agenda de reforma nessa área”, disse, lembrando que o combate à corrupção é um trabalho coletivo.

Perguntado sobre os desafios e prioridades do País, Sergio Moro disse que são muitas e afirmou que o Brasil relaxou na agenda de reformas. O ex-ministro explicou que, assim como nas empresas, a administração pública precisa de meritocracia. Para ele, loteamento político dos cargos públicos, ao colocar pessoas que não entendem do assunto em postos de administração publica, é um evidente erro. “Meritrocaria significa que você tem que ter um sistema de promoção e ganhos progressivos na sua carreira”, explicou ao dizer que na política se entra com um salário muito próximo daquele já programada para o final de carreira.

Sobre os desafios, Moro citou a simplificação da Reforma Tributária e a Educação como pontos críticos. “Não há como ter ganhos de produtividade no País se não tivermos um corpo de trabalhadores e empresários qualificados. A agenda é muito relevante e é difícil estabelecer prioridades neste cenário”, afirmou.

Moro, que está em um período de reflexão com relação às decisões passadas, disse ainda que o momento é ruim, mas o Brasil é uma democracia consolidada e com instituições fortes. “Retomar a construção de um grande País para ter um lugar bom para todos é algo factível”, e reforçou dizendo que o setor público precisa ouvir mais o privado para a contribuição de uma agenda mais positiva no país. “É importante diminuir o nível de polarização do País que tivemos acirrados nos últimos tempos e nisso também a questão da liderança é importante. Democracia é sinônimo de tolerância”, concluiu.

* Imagem reprodução

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