Um ano de pandemia. Uma mudança cultural em curso: compras sem interação humana

Um ano de pandemia

É fato, a pandemia provocou a aceleração digital. O e-commerce ganhou relevância nunca vista e potencializou empresas num outro patamar. Segundo estudo “E-commerce no Brasil”, publicação da agência Conversion que analisou o tráfego dos 200 maiores sites do Brasil num total de 15 categorias, o comércio eletrônico registrou em março, mês em que a pandemia completou um ano, 1,66 bilhão de acessos, um aumento de 40% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Magazine Luiza, Via Varejo, B2W, Amazon.com.br e Mercado Livre consolidaram-se como ecossistemas digitais e passam cada vez mais a fazer parte do dia a dia dos brasileiros, incorporando novas funcionalidades. Neste cenário, alguns segmentos se destacam. As top 5 categorias que mais cresceram nos últimos 12 meses têm como destaque os “Importados”, que lideraram a taxa de crescimento de acessos com impressionantes 92%, com forte presença dos gigantes mundiais – Amazon.com, AliExpress e Shopee. Este último com um crescimento assombroso de 1.464%. Outros segmentos não ficaram para trás e também apresentaram forte crescimento: Produtos Pet (88%), Casa e Móveis (87%), Farmácia e Saúde (65%) e Moda e Acessórios (63%).

Os aplicativos de delivery de comidas também cresceram muito em acessos: 57,25%. Segundo uma pesquisa do Instituto QualiBest, iFood, Rappi e UberEats definitivamente incorporaram aos hábitos dos consumidores brasileiros. Esse mercado é liderado pelo iFood. De acordo com a pesquisa, o app tem o maior share of mind do mercado de delivery e é a opção predileta de 60% dos usuários. A amostragem da pesquisa identificou que 76% já utilizaram algum app para delivery de refeições ou comidas prontas, o que representa um aumento de 26% em relação à pesquisa anterior, feita em 2018. E estes aplicativos de entregas estão ampliando suas áreas de atuação. Se originalmente eram famosos por conta do delivery de comida, atualmente as possibilidades são bem mais amplas e envolvem desde compras de supermercado até medicamentos em farmácias, moda, bebidas, consertos de celular, entre outros.

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Nesta linha, as lojas autônomas dentro de condomínios residenciais também se proliferam nos quatro cantos do País. Calcula-se em cerca de 1.500 condomínios que já contam com lojas deste tipo, a maioria funcionando de forma simples, como um honest market. Sem qualquer custo para o condomínio, nestas lojas os consumidores podem comprar produtos em refrigeradores e prateleiras abertas, como nas gôndolas de um supermercado, e depois pagar por meio de self checkout ou aplicativo. Assim, o minimercado pode funcionar 24 horas por dia -– sem a necessidade da presença de atendentes nem caixas.

A Omnibox, startup do ecossistema da Gouvêa e do Grupo Bittencourt, tem explorado este nicho, oferecendo alguns diferenciais. Operando de forma white label sempre com parceiros estratégicos, opera um mix de produtos focado em hortifrutis e outros itens perecíveis. Apesar de uma maior complexidade logística, frutas, verduras e legumes são itens essenciais para as refeições dos brasileiros e necessitam de reposição constante. A conveniência de não ter de sair a toda hora do condomínio onde mora para repor a sua dispensa não tem preço. A oferta de valor oferecida aos condôminos é sedutora. Significa ter à sua disposição 24 horas por dia a melhor seleção de FLVs e outros perecíveis abastecidos quase que diariamente com preços competitivos a um passo de onde mora. Sem burocracia, nem fricção. Tudo com a mais alta tecnologia de um super app e de segurança e monitoramento.

Este mesmo conceito agora está sendo replicado para outros segmentos, como lojas de vinhos, flores, chocolates, moda, comida pronta, cosméticos, carnes e padaria, sempre com parceiros estratégicos, e prevê a instalação de lojas autônomas em locais tão diversos quanto academias de ginástica, hospitais, estacionamentos, hotéis, escolas, igrejas e terminais modais. Total hiperconveniência. Este tipo de loja, assim como o e-commerce e os serviços de delivery, está em linha com uma mudança cultural em curso entre os brasileiros: o desejo de consumir, seja lá o que for, com o mínimo de interação humana. Considerando este crescente desejo por autonomia, este sistema gera uma poderosa ferramenta de dados que permite conhecer profundamente seu público, oferecendo um relacionamento mais moderno e um mix de produtos mais adequado para cada loja, propiciando uma experiência de compras o mais próxima possível das necessidades e dos desejos do consumidor.

O momento é de grandes transformações numa sociedade que mudou muito seus hábitos e costumes, potencializadas pela pandemia. Para o varejo, é necessário estar atento em como tirar proveito dos recursos digitais muito além da criação de um site de e-commerce.

Marcos Hirai é CEO da Omnibox, startup especializada em Varejo Autônomo.
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo

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