No contexto atual do varejo e do franchising, crescer não é mais apenas uma questão de acelerar. É preciso sustentar. A velocidade, sem estrutura, transforma-se em fragilidade. A eficiência operacional, outrora vista como diferencial, hoje é o básico. E, nesse novo paradigma, é urgente rever o que chamamos de estrutura.
Estrutura não é organograma. Estrutura é a integração viva entre cultura, processos, pessoas e tecnologia. E estruturas inteligentes são aquelas que antecipam movimentos, distribuem decisões com clareza, sustentam a cultura mesmo em cenários de pressão e garantem consistência operacional, da ponta à liderança.
Organizações têm buscado crescer de forma sustentável, apoiando-se em estruturas sólidas como base de seus projetos. É fundamental evitar armadilhas como o crescimento improvisado, a confusão entre digitalização e eficiência, e a “automatização do caos”, provocada por processos mal desenhados, dados desestruturados e sistemas legados, que resultam em desperdícios acelerados.
Essa estrutura é baseada em três pilares: pessoas capacitadas e empoderadas; processos claros, replicáveis e adaptáveis; e tecnologia como ferramenta de ampliação, não como solução mágica. Não se trata de modismo ou hype, mas, sim, de construir um sistema capaz de entregar valor de forma consistente e escalável.
O desafio é que, muitas vezes, se busca resolver gargalos estruturais com ferramentas isoladas. Mas, sem um modelo de operação bem definido, a tecnologia só acelera o que já não funciona. A falta de integração entre as áreas, a baixa visibilidade da cadeia, a ausência de governança e a cultura frágil são entraves reais que impedem que as organizações colham os resultados esperados.
Dados recentes mostram que apenas uma pequena parcela das organizações está realmente alinhada com os elementos centrais da excelência operacional. A maioria opera em desconexão, com sistemas técnicos desatualizados, sem princípios e comportamentos consolidados, e com liderança distante do dia a dia.
Por outro lado, as marcas que têm crescido com consistência são aquelas que arquitetaram a eficiência desde a base, que conectaram operação com estratégia, dados com decisão e cultura com execução. São aquelas que criaram estruturas resilientes, capazes de reagir com agilidade, sem perder identidade e, principalmente, as que construíram ambientes onde a inovação é orgânica, não forçada.
Eficiência não é só um indicador de performance. É uma competência organizacional que, quando bem arquitetada, protege, sustenta e impulsiona o crescimento.
A pergunta não é se sua empresa vai crescer. A pergunta é: com que estrutura ela vai crescer?
Nota: No BConnected 2025, empresas como Alpargatas, Nvidia, McDonald’s, Tommy Hilfiger, AmPm, Natura, Stix vão falar sobre o desafio de como crescer em um mundo em que tudo muda o tempo todo, com consistência, estrutura e resultados. O BConnected será realizado nos dias 7 e 8 de outubro, no Teatro Santander, em São Paulo. A Mercado&Consumo é media partner do evento.
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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