O live commerce como experiência social

Nos últimos anos, o comportamento do consumidor brasileiro passou por transformações impulsionadas por uma combinação de fatores sociais, tecnológicos e econômicos. Um dos movimentos mais notáveis nesse processo é a ascensão do live commerce, que combina transmissão ao vivo com interação direta entre marcas e consumidores. Se antes a jornada de compra online era marcada por etapas solitárias e automatizadas, hoje vivemos um período em que a compra é também uma experiência social. O consumidor não apenas procura produtos, mas também quer interagir, perguntar, ouvir opiniões confiáveis e decidir em tempo real.

Um em cada quatro brasileiros já comprou durante transmissões ao vivo e quase metade desses consumidores afirma repetir esse hábito. Os dados do estudo “Social Commerce 3.0”, da Opinion Box com a All iN, confirmam o que vemos diariamente: que o live commerce deixou de ser tendência para se tornar uma realidade consolidada e a escolha preferida de um público cada vez maior.

O brasileiro é, historicamente, um consumidor que gosta de conversar e negociar. As lives resgatam esse espírito de proximidade que o e-commerce tradicional acabou deixando de lado. Em uma live, as dúvidas são respondidas ao vivo, os produtos são apresentados em tempo real e o cliente se sente parte do processo. Além disso, há elementos que reforçam esse apelo, como a busca por promoções e condições exclusivas, a influência direta de apresentadores e criadores de conteúdo e o desejo de pertencimento a um grupo que está ao mesmo tempo vendo e decidindo.

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Mas o sucesso de uma live shop não depende apenas da transmissão: é fundamental garantir que todo o ambiente digital esteja preparado para transformar esse engajamento em resultado. Isso envolve desde a estabilidade da plataforma, passando pela experiência do usuário até a integração fluida entre conteúdo, checkout e logística. A live é a vitrine, mas o bastidor técnico é o que determina se o cliente terá uma experiência memorável  ou frustrante.

Acompanho de perto os resultados de empresas que optaram por investir nesse formato. As lives mais bem-sucedidas foram aquelas que entenderam a lógica da conexão e escutaram o público, prepararam seus times, mostraram seus produtos com verdade e souberam aproveitar os sinais em tempo real para ajustar a oferta e o discurso. As live shops representam um capítulo em que o digital deixa de ser apenas um canal e passa a ser um ambiente de convivência e decisão compartilhada. É o momento em que vender é também conversar, escutar e construir vínculos reais.

Jessica Fragoso é head de Marketing e Parcerias da Uappi.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato

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