Inflação acima da meta e tarifação de Trump elevam pressão sobre o consumo

IPCA avançou 0,24% e levou a inflação em 12 meses a 5,35%, sexto mês seguido acima do teto

Inflação acima da meta e nova tarifa dos EUA elevam pressão sobre consumo

A ligeira trégua de junho, quando o IPCA avançou 0,24% e levou a inflação em 12 meses a 5,35%, sexto mês seguido acima do teto da meta de 4,5%, não muda a avaliação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de que os preços continuam em patamar desconfortável para as famílias e para o setor terciário. O quadro ficou ainda mais nebuloso após o dia 9 de julho, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

O núcleo de serviços, indicador sensível à renda, subiu para 6,2% em 12 meses, mostrando que as pressões internas não cederam na velocidade desejada. A CNC observa que o dólar se valorizou de imediato, encarecendo insumos, o que deve aparecer gradualmente nos preços ao consumidor ao longo do segundo semestre.

“O efeito da nova rodada de tarifas volta a trazer incertezas para o cenário inflacionário. Se, por um lado, o aumento do dólar favorece a alta de custos, a dificuldade de exportar para os Estados Unidos pode redirecionar parte da produção ao mercado interno, suavizando alguns preços”, explica o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.

A Confederação, no entanto, não acredita que esse excedente doméstico será suficiente para compensar o choque cambial. A combinação de real mais fraco, serviços ainda pressionados e energia elétrica em alta, que subiu 2,96% em junho, puxando o grupo habitação para 0,98%, mantém o poder de compra apertado e limita o espaço para uma recuperação mais firme do consumo.

Segundo Bentes, mesmo que parte da produção volte-se ao mercado interno, a renda real comprimida, o crédito caro e os serviços com custo elevado persistente compõem um cenário que segue exigindo cautela do setor terciário.

Diante desse cenário, a CNC mantém suas projeções para o IPCA, que deve ficar praticamente estável em julho (0,03%) e encerrar 2025 em 4,4%, acima do centro da meta, porém dentro do intervalo de tolerância, enquanto a Selic tende a permanecer em 15% ao ano até dezembro de 2025.

Imagem: Envato

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