Endividamento das famílias brasileiras bate novo recorde em maio, com inadimplência em alta

Segundo pesquisa da CNC, prazo e comprometimento da dívida tiveram redução

Endividamento das famílias brasileiras bate novo recorde em maio, com inadimplência em alta

O número de famílias brasileiras endividadas voltou a crescer em maio, atingindo 78,2% dos lares, o maior índice desde julho do ano passado, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O aumento foi de 0,6 ponto percentual em relação a abril, embora ainda fique abaixo do registrado em maio de 2024, quando 78,8% das famílias tinham dívidas.

A inadimplência apresentou crescimento mais expressivo, chegando a 29,5% das famílias, o maior nível desde outubro de 2023. O índice subiu 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior e 0,9 ponto em relação a maio de 2024. Entre os inadimplentes, 12,5% disseram não ter condições de pagar suas dívidas, 12% superior ao registrado no ano passado.

“Apesar de o percentual de endividados ter ficado abaixo do registrado em 2024, o avanço na inadimplência evidencia um aumento da fragilidade financeira das famílias. O crédito precisa ser acessado com responsabilidade. Garantir o equilíbrio entre endividamento e capacidade de pagamento será fundamental para o crescimento do País”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

Por outro lado, houve redução no prazo das dívidas: apenas 32,8% das famílias possuem compromissos com prazo superior a um ano, a menor proporção desde junho, em queda pelo quinto mês consecutivo. Já o endividamento de curto e médio prazos avançou, sinalizando uma preferência maior por créditos com vencimentos mais próximos.

No ranking das modalidades de crédito, o cartão de crédito permanece na liderança, citado por 83,6% dos endividados, mas com queda de 3,3 pontos percentuais em um ano. Já os carnês voltaram a ganhar espaço, alcançando 17,2%, e o crédito pessoal também cresceu, chegando a 10,6%.

Um aspecto positivo apontado pela pesquisa é a redução do comprometimento da renda familiar com dívidas: 19,7% das famílias destinam mais da metade da renda para pagar débitos, o menor índice desde julho de 2023. A média da renda comprometida caiu para 29,8%.

A pesquisa também mostrou uma divisão na percepção dos consumidores: 15,5% se consideram “muito endividados”, enquanto 33,4% se veem “pouco endividados”, demonstrando diferentes níveis de preocupação com as finanças.

O endividamento aumentou em quase todas as faixas de renda, especialmente entre famílias com renda entre 5 e 10 salários mínimos, que registraram alta de 3,2 pontos percentuais, consolidando esse grupo como o mais pressionado, com 22,8% da inadimplência.

Famílias que ganham entre 3 e 5 salários mínimos apresentaram crescimento expressivo da inadimplência, com aumento de 2,8 pontos percentuais na comparação anual.

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