Keeta quer ampliar o delivery no Brasil com modelo sem exclusividade

Em entrevista à Mercado&Consumo, vice-presidente da empresa fala sobre a aposta da empresa no País

Danilo Mansano atua na operação da Keeta no Brasil desde meados deste ano, mas sua relação com a Meituan, nome original da empresa no mercado asiático, começou bem antes. Entusiasta do setor de delivery de alimentos, em 2019 ele trabalhou como entregador da companhia em Pequim, na China. A ideia era entender melhor a empresa, referência mundial no segmento.

Em janeiro deste ano, quando o fundador da Meituan, Wang Xing, veio ao Brasil, a aproximação foi natural. Com um currículo que incluía a atuação na Uber e experiência anterior em outras empresas do setor de delivery, ele se tornou vice-presidente de Parcerias Estratégicas da Keeta e está totalmente envolvido com o lançamento do aplicativo no País. A data ainda não foi oficialmente divulgada, mas está garantida para este ano. E os planos são grandes: a empresa projeta investir US$ 5,6 bilhões no Brasil em cinco anos.

Danilo Mansano falou sobre as expectativas para a entrada no País em entrevista concedida durante o BConnected, evento realizado em São Paulo, do qual a Mercado&Consumo é media partner. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.

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Mercado&Consumo: Como está o processo de entrada no mercado brasileiro?

Danilo Mansano: O que a gente pode falar é que a Keeta será lançada ainda este ano no Brasil.
Esse é o nosso plano. O que definirá a data são os ajustes internos que a gente tem que garantir. Estamos com um escritório em São Paulo, por ser uma cidade central para poder recrutar as pessoas e um polo de talento também. Mas não devemos iniciar a operação por São Paulo –  devemos fazer testes em outras cidades antes.

A primeira coisa que definimos foi que o conhecimento do mercado brasileiro estivesse bem endereçado, trazendo não só líderes locais, mas um time dedicado para a operação do Brasil. Isso começou em maio deste ano. Agora, já superamos mil colaboradores na empresa. Nossa proposta de valor é clara para as três verticais em que atuamos: entregadores, consumidores e
restaurantes.

M&C: Quais são os diferenciais que vocês vão oferecer para eles?

DM: Para os restaurantes, queremos garantir taxas mais competitivas do que as  existentes hoje no mercado. Para os entregadores, ganhos mais previsíveis, o que começa por ter uma previsibilidade um pouco maior do quanto a gente pode gerar de receita ao longo do dia ou dos dias da semana. E, para o consumidor, uma garantia de ter taxas de entregas mais competitivas, um tempo de entrega menor e uma precisão do tempo de entrega muito maior.

A gente entende que esses fatores vão fazer com que mais pessoas peçam dentro do aplicativo. A partir daí, vamos expandir o mercado de pessoas que usam delivery hoje no Brasil.

M&C: A internacionalização da Keeta é recente. Como ela tem sido conduzida?

DM: A Meituan, que é a marca usada no mercado chinês, é líder de mercado no país, que é o maior do mundo em food delivery. A Keeta abriu a primeira operação em Hong Kong, que é relativamente próximo da China, mais como um modo de teste, em 2023. Em 2024, foi para o Oriente Médio e a primeira operação aberta foi em Arábia Saudita. Em 2025, a gente teve uma sequência de lançamentos no Oriente Médio, como Qatar, Kuwait e Emirados Árabes. E recentemente no Brasil. Temos um pipeline de expansão global, buscando mercados muito diferentes um do outro, para validar o nosso produto, para validar nossas estratégias e continuar essa trajetória de expansão.

A Meituan tem uma tradição de tomar decisões quando tem muitas informações para fazer isso. Mas, uma vez que a decisão é tomada, tem um comprometimento de longo prazo. Faz parte da cultura interna da empresa.

M&C: Como vocês veem essa chegada no mercado do food delivery no Brasil especificamente neste momento em que há uma movimentação intensa, com empresas voltando ou ampliando a atuação aqui? 

É aquela situação em que é difícil dizer o que veio primeiro: o ovo ou a galinha? Mas acho que, obviamente, no momento que mais players ficaram sabendo da entrada da Keeta, isso estimulou uma movimentação inicial mais acelerada.

A gente acredita que a competitividade é que faz o mercado crescer. O que a gente tem de fortaleza é que a gente quer um mercado aberto. Uma das coisas que aconteceram aqui foram alguns players tentando fechar o mercado, buscando exclusividade. A gente sempre se posicionou contra isso. Em todos os mercados em que a gente opera, não existe exclusividade. A gente entende que, para o estabelecimento comercial, para os entregadores e para os consumidores, quanto mais opção houver sem bloqueios, melhor a chance de que aquele que vence é o que oferece o melhor serviço todo santo dia.

M&C: Quais as expectativas com relação ao Brasil?

DM: A grande clareza interna de ver os três lados do marketplace como clientes é que a gente precisa gerar valor pra eles. Vamos oferecer melhores condições do que aquelas que eles acessam hoje para sermos percebidos como uma empresa da qual vale a pena ser parceiro. E, no final do dia, queremos conseguir fazer o mercado de food delivery crescer.

O mercado brasileiro tem um potencial de, em três anos, mais do que dobrar de tamanho. E a gente entende que isso não vai acontecer se esse mercado estiver sob exclusividade. Então, temos duas batalhas muito fortes. Uma é de quebrar qualquer tipo de exclusividade no mercado brasileiro. A segunda é gerar esse valor perceptível para os três lados do marketplace. Com isso acontecendo, a gente entende que a tecnologia que a gente hoje já tem testada na China há mais de 12 anos e nos mercados internacionais em que a gente lançou e onde também foi muito bem recebida vai fazer sucesso no Brasil.

Imagens: Divulgação

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