A trajetória empreendedora costuma ser retratada como um ato de coragem individual, de pessoas que vencem obstáculos com criatividade, persistência e resiliência. Embora esses atributos sejam essenciais, há um equívoco recorrente de que empreender é uma jornada solitária. Na realidade, os empreendedores que buscam orientação com mentores experientes e cultivam boas redes de relacionamento não apenas avançam mais rápido, mas também tomam decisões mais inteligentes, cometem menos erros e ampliam significativamente suas chances de sucesso.
Em qualquer setor, o tempo é um ativo precioso, e mentores encurtam o caminho. Um mentor não é um chefe, um sócio ou um professor tradicional. É alguém que já passou por muitos dos desafios que o empreendedor está enfrentando, e que pode oferecer uma visão estratégica, prática e, muitas vezes, emocionalmente mais equilibrada sobre os próximos passos.
Mais do que apontar soluções, um bom mentor ensina a fazer as perguntas certas. Ele ajuda o empreendedor a sair do modo reativo e a enxergar o negócio com mais clareza e estratégia.
Se a mentoria é o cérebro do crescimento, o networking é o coração. Em um ecossistema cada vez mais colaborativo, saber com quem falar é tão importante quanto saber o que fazer. Ter uma boa rede de contatos é uma fonte constante de oportunidades.
Muitos negócios de sucesso surgem ou crescem a partir de indicações, parcerias e conversas informais. Um contato certo pode resultar em um novo cliente, um investidor estratégico ou mesmo um parceiro de inovação. O networking também permite acompanhar as tendências do mercado, identificar demandas ainda não atendidas e até atrair talentos.
Mas é importante entender que networking não é transacional. Relações construídas apenas com interesse são frágeis. É preciso nutrir vínculos autênticos, baseados em troca de conhecimento, escuta ativa e generosidade. Empreendedores que agregam valor à sua rede, seja compartilhando experiências, conectando pessoas ou colaborando em projetos, tornam-se referência e, naturalmente, ampliam sua influência.
Isoladamente, mentoria e networking já oferecem valor. Mas, juntos, são ainda mais transformadores. Muitas vezes, é um mentor quem apresenta o empreendedor a contatos estratégicos. Ou é em um evento de networking que se encontra o mentor ideal. Ambos se completam e ajudam o empreendedor a construir uma base sólida para decisões mais maduras e caminhos mais ambiciosos.
Um dos grandes entraves para muitos empreendedores é a resistência em pedir ajuda. Existe um mito perigoso de que quem pede orientação é fraco ou pouco preparado. Na verdade, é o oposto: os líderes mais bem-sucedidos são justamente aqueles que reconhecem suas limitações e sabem quando e com quem dividir suas dúvidas.
Ter abertura para ouvir conselhos, repensar decisões e aceitar críticas construtivas exige maturidade emocional. Mas é isso que separa quem apenas sobrevive de quem cresce com consistência.
Empreender é um ato de coragem e um exercício constante de aprendizado coletivo. Mentores oferecem direção, contatos oferecem pontes, e, ambos, quando bem aproveitados, funcionam como aceleradores reais do sucesso. Em vez de caminhar no escuro, o empreendedor passa a ter mapa, bússola e companhia.
Luiz Paulo Teixeira é CEO do Sales Clube.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato








