Abipesca pede que pescados brasileiros sejam excluídos de investigação sob Seção 301

Os pescados são um dos principais produtos afetados pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos

A Associação Brasileira da Indústria de Pescados (Abipesca) pediu ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) que os frutos do mar brasileiros sejam excluídos da investigação sob a Seção 301, capitaneada pelo departamento, e de quaisquer “medidas punitivas”.

O pleito foi apresentado pelo diretor executivo da entidade, Jairo Gund, durante pronunciamento na audiência pública que ocorreu nesta quarta-feira, 3, na Comissão de Comércio Internacional dos EUA em Washington, informou a Abipesca em nota. Os pescados são um dos principais produtos afetados pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros.

A audiência foi a primeira promovida pelo USTR no âmbito da investigação sobre supostas práticas desleais no comércio pelo Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos.

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Nessa primeira fase do processo, empresas e entidades do setor produtivo brasileiro apresentaram sua defesa em uma manifestação oral de cinco minutos. O USTR acusa o Brasil de práticas desleais relacionados ao comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, a tarifas preferenciais injustas, ao combate à corrupção, à proteção da propriedade intelectual, ao acesso ao mercado de etanol e ao desmatamento ilegal.

Ao USTR, a Abipesca argumentou que a investigação não tem “qualquer relação” com os pescados brasileiros e que, portanto, é razoável estender a isenção tarifária já aplicada a outros produtos também aos frutos do mar do Brasil. A associação alegou ainda que a imposição de tarifas sobre pescados brasileiros, como tilápia, lagosta, pargo, atum e corvina, enfraqueceria o comércio bilateral e prejudicaria diretamente os consumidores americanos.

“O aumento das tarifas elevará os preços para os consumidores americanos, que passarão a ter acesso apenas a alternativas de qualidade inferior. O Brasil fornece pescados produzidos em sistemas altamente tecnológicos, atendendo aos rígidos requisitos sanitários e comerciais exigidos pelos Estados Unidos”, afirmou Gund na audiência. O Brasil já é o segundo maior fornecedor de filés frescos de tilápia para os EUA, destacou.

Na exposição ao USTR, a Abipesca citou o Código Florestal Brasileiro como uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, o que inclui políticas de gestão pesqueira, cotas de captura, áreas de exclusão e monitoramento contra a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INN).

A Abipesca apresentou também ao USTR uma manifestação escrita em 15 de agosto e pode enviar manifestação complementar na próxima semana, conforme prevê o processo do USTR.

Com informação do Estadão de Conteúdo (Isadora Duarte e Aline Bronzati).
Imagem: Freepik 

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