Lideranças nos tempos atuais precisam combinar competências de estrategista, tecnólogo, inovador e humanista ao mesmo tempo, na dose e na medida certas a cada momento.
Muito simples de enunciar, mas complexo para equacionar.
Em especial, quando envolve os setores de varejo, consumo e serviços, por sua proximidade e conexão com o empoderado mutante e mutável omniconsumidor-cidadão.
Esse também é exatamente o perfil de seus funcionários e colaboradores de forma abrangente: seus clientes internos.
E a complexidade se amplia, pois o ambiente de negócios é apenas um dos espaços onde líderes trafegam. Eles ainda convivem no ambiente familiar, nas esferas sociais e, cada vez mais – e necessariamente – nas áreas que envolvem sustentabilidade.
Lideranças atuam em um ecossistema ampliado e intrincado, em constante e exponenciada mutação, onde tecnologia e humanidade deveriam caminhar juntas.
O que envolve liderar nos tempos atuais?
1. Equilibrar visão estratégica e execução tecnológica
Com tantas inovações surgindo a cada momento, líderes precisam distinguir o que é passageiro do que realmente agrega valor no curto, médio e longo prazos, equilibrando foco no desempenho e resultado no presente com o semear e plantar de médio e longo prazos.
E, para que assim seja, é preciso humildade intelectual para perceber que a complexidade, velocidade e intensidade das mudanças nos transformam todos em passageiros desse processo, para perceber, testar e, se errar, que seja rápido no ajuste e aprender no processo.
2. Promover transformação cultural alinhada com os vetores relevantes da mudança tecnológica
A crescente dominância da tecnologia, do digital e a adoção de IA e automação impactam papéis, processos, rotinas e competências.
É responsabilidade das lideranças conduzir a transição minimizando resistências ou insegurança e desenvolvendo pessoas para atuar com os novos recursos e instrumentos disponíveis.
E, para isso, é preciso conduzir a transformação cultural e o aprendizado como elementos contínuos e permanentes e integrados com os novos recursos, de forma ágil, colaborativas e potencializando o que os dados oferecem.
3. Posicionar no cento de tudo consumidores e colaboradores num ambiente megafragmentado
Os omniconsumidores-cidadãos que também são funcionários, parceiros e colaboradores, têm expectativas personalizadas, instantâneas e em constante, profunda e ampla transformação. E parte do desafio é usar a tecnologia para entender profundamente comportamentos, desejos e expectativas, sem esquecer o fator humano nas relações que gerem confiança e motivação para o seu próprio desenvolvimento pessoal, profissional e empreendedor.
4. Administrar o convívio da velocidade, intensidade e pragmatismo
A profusão de dados, canais, plataformas e interações cresce exponencialmente, e cabe às lideranças desenvolver alternativas para decisões rápidas, com base em dados e elementos confiáveis, evitando dispersão por excesso de informação.
5. Administrar ambientes em contínua, ampla e intensa inovação
A intensidade dos ciclos de inovação se ampliou com novos modelos de negócio e alternativas surgindo e desaparecendo rapidamente e é papel da liderança desenvolver uma mentalidade de permanente e constante experimentação, sem perder o foco nos resultados, mas sempre testando, ajustando e escalando iniciativas.
6. Conviver com a exponenciada e multidirecional competição
No ambiente aberto e multifuncional atual, a competição é mulidirecional, transcendendo às empresas que atuam no mesmo setor ou mercado, mas competindo com ecossistemas e plataformas globais ou locais que integram competências diversas e parte do desafio é encontrar espaços e oportunidades nesse cenário ampliado.
Caminho alternativo e complementar é a abertura para a metafusão, quando dois ou mais negócios se compõem de forma mais rápida e objetiva para desenvolverem atividades em conjunto, sem os encargos temporais, culturais e financeiros de uma fusão tradicional.
7. Gerar novos modelos de valor
Os elementos gerados pela tecnologia e a Inteligência Artificial permitem desenvolver uma profusão de modelos de negócios e oportunidades pela combinação de diferentes instrumentos e ferramentas, e cabe à liderança estimular a identificação de novas alternativas de monetização de ativos tangíveis e intangíveis, além de pesquisar, desenvolver, testar e implantar novas equações de valor para clientes atuais e potenciais futuros.
8. Não transigir com ética, transparência e confiança
Os estímulos gerados pelo uso da tecnologia e da Inteligência Artificial despertam oportunidades de uso de dados e informações passíveis de monetização em negócios, mas é preciso ter consciência, considerando seu papel fundamental como responsável pela imagem das instituições em que atua, envolvendo ética, valores e compromissos com o longo prazo. Em especial, tudo que envolve o inadiável compromisso com a sustentabilidade em suas diversas vertentes.
Notas:
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Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Envato