Do custo ao lucro: como construir uma visão financeira por cliente

Do custo ao lucro: como construir uma visão financeira por cliente

O ambiente de negócios tem se tornado cada vez mais complexo, competitivo e mutável. Particularmente na relação entre as indústrias de bens de consumo e seus canais de distribuição (diretos ou indiretos), a busca pela rentabilidade é uma batalha diária que exige muita atenção aos detalhes. Nos últimos anos, as indústrias avançaram muito na medição dos custos totais de produção de seu portfólio, muitas delas controlando seus custos com muito detalhe, na segunda casa decimal. Por outro lado, tem-se observado pouco avanço na mensuração da real rentabilidade da base de canais e clientes, o que é, sem dúvida, um enorme contrassenso.

Em projetos de revisão de go-to-market ou de efetividade comercial, ainda é bastante comum que as empresas encontrem muitas dificuldades em estruturar um P&L (demonstração de lucros e perdas) minimamente confiável por cliente, deixando os líderes da companhia sem uma ferramenta importantíssima para a gestão dos negócios.

Sugiro aqui alguns passos importantes para iniciar a estruturação dessa visão:

Identificar todos os pontos de contato com o cliente

O primeiro passo é mapear todos os pontos de contato que o cliente tem com a sua empresa. Uma boa maneira de fazê-lo é mapear a jornada do cliente, seguindo o ciclo do pedido em todos os pontos de contato, sejam comercial, financeiro, distribuição, atendimento, tecnologia ou outros.

Ponto de atenção: a maior dificuldade é registrar nos ERPs todos os custos envolvidos no momento em que acontecem, o que exige processos consistentes, disciplina, treinamento e ferramentas.

Segmentar os clientes

O passo seguinte é criar uma segmentação dos seus clientes com base em critérios claros, que podem considerar por exemplo:

Calcular e atribuir receitas e custos aos clientes

Calcular a rentabilidade para os clientes

As margens de lucro são calculadas subtraindo os custos e as despesas da receita líquida gerada por cliente. Considere, na análise, um período de pelo menos 12 meses (pode-se usar a média móvel ponderada), para evitar distorções que possam ser provocadas por variações de demanda, sazonalidades e outras variabilidades.

É muito provável que alguns clientes sejam classificados em um cluster com baixa rentabilidade. Para cada um deles, é recomendável montar um plano de ação customizado, liderado pela área comercial, mas com participação de um time multidisciplinar. A comunicação entre esse grupo e o cliente é peça-chave para a execução do plano e o atingimento do resultado. Por fim, considerando a importância do tema para a saúde financeira de qualquer negócio, estruture essa questão como um processo contínuo, evolutivo e que integre a agenda de discussões da liderança. Boas vendas com rentabilidade.

Rodrigo Catani é head da Gouvêa Consulting.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Imagem: Envato

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